Os medos das crianças por idade e como ajudá-las

Sentir medo é importante e questão de sobrevivência, afinal é o medo que nos coloca em estado de alerta e nos traz limites, nos faz analisar uma situação antes de encará-la e nos tira de grandes encrencas. Quando se trata dos pequenos, os medos surgem aos poucos e vão mudando de acordo com sua idade e vivência. Conheça os medos das crianças por idade e como ajudá-las a superar seus temores.

Foto: Reprodução www.alphamom.com
Foto: Reprodução www.alphamom.com

Os medos das crianças por idade

Antes de listarmos os medos, é importante salientar que nenhum temor infantil deve ser levado na brincadeira. Rir da criança a deixará ainda mais angustiada e frustrada. Dizer que não precisa ter medo, apesar de ser um dos recursos mais usados para acalmar a criança, também não traz tanto resultado positivo.

A dica de especialistas em psicologia infantil é que o responsável entenda e aceite que o medo existe, e então ouvir o que a criança tem a dizer sobre seus medos. Apoiar e buscar explicações que deem segurança para a criança enfrentar seus medos, mesmo que isso signifique dar soluções mágicas para os problemas fantasiosos, também é importante.

Ao notar que os medos da criança estão interferindo em sua vida social, familiar, escolar, ou mesmo a tornando uma pessoa insegura, procure ajuda médica.

Medos mais comuns até 2 anos de idade

  • pessoas desconhecidas;
  • objetos ameaçadores;
  • altura;
  • ansiedade de separação (ficar longe da mãe, por exemplo);
  • ruídos altos.

Medos mais comuns dos 2 aos 3 anos de idade

  • pessoas desconhecidas;
  • ruídos altos;
  • pessoas fantasiadas ou com máscaras (palhaços, Papai Noel..);
  • monstros imaginários.

Medos mais comuns aos 4 anos de idade

  • ruídos altos;
  • escuro;
  • ficar sozinho;
  • insetos e animais.

Medos mais comuns dos 5 aos 6 anos de idade

  • se perder;
  • ser abandonado na escola;
  • perder os pais ou que algo aconteça com eles;
  • monstros e fantasmas;
  • pessoas malvadas (ladrão, por exemplo);
  • medo de se acidentar;
  • dormir sozinho(a);
  • relâmpagos e trovões.

Medos mais comuns dos 7 aos 8 anos de idade

  • medo da própria morte;
  • de ser raptado;
  • morte de pessoas queridas (pais, avós, amigos…)
  • pessoas malvadas (ladrão, sequestrador…)
  • catástrofes naturais (terremotos, enchentes, tempestades…)
  • guerras e atentados.

Medos mais comuns dos 9 aos 10 de idade

  • medo da própria morte;
  • morte de pessoas queridas (pais, avós, amigos…)
  • ir mal na escola;
  • rejeição social: ansiedade relativa à aceitação de sua aparência física, popularidade, amizades, entre outras aceitações sociais.

Como lidar com os principais medos infantis:

A Educar para crescer selecionou algumas perguntas recorrentes dos papais e mamães na hora de ajudar os filhos e lidarem com seus medos.

Para ler as respostas, clique nas perguntas abaixo:

Como encorajar as crianças a enfrentarem seus medos

Com bom senso, conversa e apoio. E sem forçar nenhum enfrentamento. Não se deve obrigar a criança a abraçar o palhaço, se ela tem medo desse personagem, por exemplo. Também não adianta insistir para que ela durma com a luz apagada, se tem medo do escuro.

“Os adultos precisam respeitar o temor dos pequenos e, com muita calma, incentivá-los a encarar gradativamente as dificuldades, sempre mostrando que estão ali para apoiá-los”, diz Luciana Barros de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.

No caso do palhaço, em geral, o que causa medo é a fantasia e a maquiagem. Por isso, o indicado é explicar à criança – e se possível mostrar – que há uma pessoa por trás de todo aquele aparato. Se, depois disso, a criança preferir manter uma distância do personagem, aceite a decisão dela. Com o tempo, o medo vai desaparecer.

No caso do escuro, ficar com os filhos até que peguem no sono e fazer brincadeiras no escuro – como o teatro de sombras – são algumas boas opções para que as crianças lidem com suas dificuldades e vençam seus temores gradualmente.

Devo evitar situações que causam medo na criança?

Assim como não pode ser subestimado, o medo das crianças também não deve ser supervalorizado. “É dever dos pais proteger os filhos, garantindo a segurança deles, mas a superproteção não desenvolve a capacidade de autodefesa das crianças”, diz Susana Orio, psicóloga clínica.

No caso do medo do escuro, por exemplo, é importante não reforçar ou validar o temor, mas fazer com que a criança vá se familiarizando com a ausência de luz na hora de dormir. Se a criança tem medo de mar, deixe que ela brinque na areia até que se sinta confortável para colocar os pés na água.

Como faço para não transmitir meus próprios medos para as crianças?

Esses são medos comuns em crianças na faixa dos 3 aos 5 anos. Nessa idade, a imaginação delas é bastante fértil, por isso misturam realidade com ficção. Ou seja, não adianta simplesmente dizer que essas criaturas não existem.

Para os pequenos, os personagens são reais, já que estão presentes em livros, filmes e desenhos animados. Uma dica é embarcar na fantasia e inventar um spray anti-monstro, um cobertor da invisibilidade etc. Se a criança não quiser ir ao banheiro porque teme a ‘loira do banheiro’, por exemplo, sugira que você vá na frente, inspecione cada cantinho e avise se tudo estiver em ordem.

“O ideal é deixar que a criança desconstrua essas fantasias com o tempo e faça suas próprias descobertas”, diz Luciana Barros de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.

Como lidar com medo de criaturas fantasiosas, como bruxas, monstros, fantasmas e super vilões?

Os pais precisam estar atentos ao que falam na frente dos filhos. Alguns medos, como o de barulhos, de quedas, de dentista e da violência urbana, muitas vezes, são transmitidos pelos adultos. No caso dos bebês, se, a cada ruído, os pais correm para o quarto para ver se está tudo bem com o filho, ele pode associar os sons mais altos a um sinal de perigo. Já as quedas fazem parte da infância de todos nós e, em alguns casos, a criança chora ao notar a reação preocupada dos adultos.

“Os pais não devem se antecipar a um possível acontecimento, achando que a criança não vai conseguir lidar com ele. Subliminarmente, a mensagem transmitida é de que ela não é capaz, está na dependência total dos adultos”, explica Susana Orio, psicóloga clínica.

No caso do medo do dentista, por exemplo, evite demonstrar seu mal-estar (se for o caso) e comentar sobre experiências desagradáveis no consultório, para não influenciar a criança. Explicar, de forma neutra, o que vai acontecer na consulta, pode ajudar.

Em relação ao temor da violência urbana é preciso bom senso. Caso os filhos questionem a respeito de alguma notícia ou fato, como um roubo ou furto, não fuja do assunto, mas também não entre em detalhes. “É importante que os pais controlem suas emoções, sejam de indignação ou insegurança, para não transmitir seus receios aos filhos. As crianças precisam se sentir seguras e protegidas”, diz Susana Orio, psicóloga clínica.

 

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Conteúdo produzido pela equipe do Almanaque dos pais.

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