Rotina para acordar o meu filho para a escola

Rotina para acordar o meu filho para a escola

Acordo cedo, muito cedo. Parece que nem o Sol acordou ainda.
Levanto, ligo o computador e coloco uma música infantil baixa para se ouvir na casa (pode ser uma música mais calma mesmo, como Chico Buarque ou Vinícius de Moraes) e vou fazer a rotina antes dele acordar: colocar comida para o Guimba (meu labrador, meu filho peludo); catar o monte de “choquitos” que ele deixou pelo chão do quintal e jogar uma água com água sanitária e/ou um sabão (líquido ou em pó, tanto faz) nos locais onde ele “sujou”; ir no banheiro e fazer as minhas necessidades emergenciais e então, acordar o meu filho cabeludo.
Dar uns beijos nele e falar perto dele:
– “levanta filho… tem que ir para a escolinha…! Vamos no banheiro fazer xixi?”
Ele reclama muito e até mesmo dá umas braçadas na direção da minha voz (já me acertou algumas vezes)
Eu digo para ele parar com isso que vai machucar o papai.
Ele enterra a cara no travesseiro ou só no colchão mesmo, afinal de contas, muitas vezes ele jogou o travesseiro longe ou deixou cair da cama na madrugada.
Geme um pouco, como se dissesse:
– Me deixa dormir, pai!
Quando finalmente acordo ele, uns 15 minutos depois se bobear, mesmo tendo colocado a música antes para ele ir despertando aos poucos, levo ele para o banheiro.
Lá, faço ele fazer o xixi, que pode ser no box mesmo, pois a essa hora, nem eu acordei direito ainda, que dirá ele para acertar direitinho na privada. Depende do quão acordado ele estiver.
Depois, lavamos as mãos e vamos escovar os dentes…
Ele pede para colocar a pasta na escova e eu faço o mesmo com a minha escova e iniciamos juntos a escovar os dentes. Eu meio que vou guiando ele:
– Embaixo… em cima… do outro lado… embaixo… em cima… agora lá atrás… agora na frente… e na língua… pronto, agora cospe! – Isso eu escovando também, ao mesmo tempo que estou falando, mas ele entende tudo.
Cuspo e ele também.
Faço uma conchinha de água com uma das mãos e dou para ele, “derramando” no biquinho que ele faz. Enche a boquinha de água e quase que imediatamente ele cospe. Na segunda vez, falo para ele fazer gargarejo. Ele faz até demais, brincando e cospe na pia, quando não, acerta até a torneira ou minha mão.
Terminamos, enxugamos as bocas e ele vai para a sala.
Senta no sofá, esperando o “café da manhã”: leitinho (normalmente uma vitamina com Toddy) na canequinha de metal que comprei para ele e um biscoitinho Mabel, ou um pãozinho… algo assim. Ele come o pão puro, no máximo quente na chapa. De resto ele tira tudo ou não come se passar manteiga ou requeijão.
Eu levo ele de novo para molhar um pouco o cabelo para passar o creme de pentear (dificilmente eu dou banho nele a essa hora… só no verão).
Ele faz um pequeno escândalo para deixar eu molhar o cabelo dele e outro para escovar, mas acaba perdendo a guerra.
Trocamos de roupa… e deixo ele sentado de novo no sofá enquanto dou uma conferida na mochila para ver se não falta nada para levar.
Antes de sair, tranco o lixo no banheiro, pois senão meu filho peludo “brinca” de espalhar o lixo pela cozinha e pelo quintal.
Filho, vamos? – Estou em pé, ao lado da porta aberta com a mochilinha dele e a minha nas costas. Ele desce do sofá, se aproxima e eu digo:
– Esqueceu de nada não? – ele para sem saber do que estou falando, como se não fizéssemos isso todas as vezes em que ele vai para o colégio.
– Cadê o beijo do seu irmão?
Ele vai até meu filho peludo, se abaixa com cuidado e dá um beijinho com carinho na cabeça do irmão dele e diz:
– Tchau Guimba! – ou então: – Tchau meu irmão peludo!
Fechamos a porta e vamos para a escolinha.

rotina para acordar02

Rotina para acordar sem meu filho

Abro os olhos com o toque do celular, quando abro… pego o celular, olho para ele, quando olho e aperto o botão do modo soneca de 10 minutos.
Parece que não passou nem 30 segundos e o celular toca de novo.
Coloco de novo no modo soneca.
Na terceira vez, levando, quase que de uma vez, como que se estivesse pegando no tranco o meu motor interno.
Vou no quintal colocar a comida do Guimba e catar as necessidades dele, sem água nenhuma no quintal. Depois eu limpo isso. Faço isso tudo quase que de olhos fechados, de verdade, efeito do sono.
Entro no banheiro trombando na porta, faço o que tiver que fazer, lavo as mãos e escovo os dentes, com lentidão, com preguiça.
Nem mesmo me olhei no espelho ainda. Jogo uma água na cara, como se fosse para acordar de verdade. Olho-me no espelho e parece que ainda estou dormindo. Digo para mim mesmo:
– “Bora”!!! – o que em carioquês quer dizer: “Vamos embora” – Está na hora!!!
Vou na geladeira, vejo o que tem para comer e se tem leite. Faço um pão, tomo um leite, ou se bobear, já me atrasei tanto que nem como nada e deixo para comer na lanchonete perto da escola em que trabalho (um salgado e um refresco provavelmente, sem nenhum nutriente mesmo).
Vou no quarto, troco de roupa, tranco o lixo no banheiro.
Pego a minha mochila e meus pequenos pertences (carteira, celular e dinheiro), sem muita pressa.
Coloco o fone de ouvido e escolho o que quero ouvir: rádio ou mp3.
Abro a porta, mando um beijo para o Guimba e saio.

É tão mais fácil e prática a vida nos dias que estou sem ele…
Mas como eu sinto falta dele, mesmo nos dias em que estou de folga e posso levantar as 10h da manhã… ou ao meio-dia, sem pressa… sem obrigações…
Devo ser maluco… mas sou mais feliz nos dias em que levo ele para a escola…!
=/

Sobre Lizandro Crus Chagas

Carioca, professor, influenciador digital, pai solo e militante da paternidade ativa.

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