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Amamentar – E quando não dá certo?

No post anterior, falei sobre amamentação. Mas, e quando não dá certo?

Sou uma grande incentivadora da amamentação, como pediatra e como mãe. As evidências científicas de que o leite materno é o alimento ideal para o bebê são inegáveis! É um alimento com a composição adequada às necessidades da criança, não necessita ser preparado, já vem na temperatura certa e é de graça. E tem o plus dos aspectos emocionais e afetivos envolvidos. Amamentar exige acima de tudo vontade, para aprender, superar as dificuldades, o cansaço e as inseguranças.

Mas, às vezes, por mais vontade que se tenha, a coisa não engrena… A pega incorreta pode machucar os mamilos e a dor torna-se insuportável. A ansiedade e o estresse podem prejudicar a descida do leite e você começa a achar que não produz leite suficiente. Alguns bebês mamam com intervalos de 2 horas e o cansaço te derruba. E outras inúmeras situações e motivos que são plenamente justificáveis e não podem ser desconsiderados pelo profissional que está atendendo o bebê e a mãe. Nossa função como pediatras é apoiar, orientar o que fazer nos momentos difíceis, esclarecer dúvidas e desfazer alguns pré-conceitos que muitos trazem na bagagem; nunca julgar a opção daquelas mães que não desejam amamentar ou o fazem parcialmente. Amamentação depende da vontade e do desejo da mãe, não é obrigação e nem deve ser um sacrifício.

Bom, também não é pra sair usando fórmula a torto e à direita… Momentos difíceis acontecem com a maioria das mães e, em geral, são transitórios (embora pareçam eternos…) e podem ser superados com a orientação adequada e um pouco de paciência.

Há uma outra situação bastante comum no consultório: mães preocupadas em iniciar a fórmula láctea porque irão voltar a trabalhar em algumas semanas. Nesse caso, também há alternativas, que não a fórmula láctea e a mamadeira; pode-se ordenhar o próprio leite e armazená-lo, oferecendo no copinho quando a mãe não estiver presente. Sem dúvida, iniciar outro tipo de leite e o uso da mamadeira aumentam a chance do desmame precoce, mas nem todo mundo consegue fazer seu estoque de leite para o bebê. Infelizmente, os aspectos trabalhistas não são exatamente incentivadores do aleitamento materno… No discurso, talvez, mas na prática é muito difícil mesmo voltar a trabalhar e continuar amamentando…

Então, se não deu certo pra você, não se culpe… Você não é menos mãe por causa disso… Se você está amamentando e está difícil, não desista, mas também não faça disso um sofrimento…

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