Barriga de aluguel é na verdade barriga solidária

O útero de substituição ou barriga solidária foi popularizado no Brasil pelo nome de barriga de aluguel, no entanto este termo não é apropriado já que o aluguel implica que alguém está cedendo seu útero temporariamente por um preço, o que é totalmente proibido no país conforme a norma ética do Conselho Federal de Medicina CFM 2.121/15.

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A norma de reprodução humana assistida brasileira permite como alternativa à barriga de aluguel, a doação temporária do útero para casos onde não há forma da mulher gestar seu bebê no próprio ventre, como acontece quando a mulher carece de útero por sua retirada ou por condição de nascimento, como é o caso de portadoras da Síndrome de Rokitansky ou ainda se apesar de ter útero, o mesmo não é capaz de manter o desenvolvimento do embrião, como pode acontecer em casos de atrofia endometrial, por exemplo.

Para ter acesso à barriga solidaria, o casal que está tentando engravidar precisa que algum membro da sua família até o quarto grau (primeiro grau – mãe: segundo grau – irmã/avó; terceiro grau – tia; quarto grau – prima) se ofereça voluntariamente e sem ânimo de lucro a receber o embrião do casal no seu útero. Caso a mulher que se oferece é casada, é preciso que seu parceiro também esteja de acordo com a decisão de oferecer o útero de substituição.

Se o casal não dispõe de um membro da família até quarto grau que possa realizar este gesto de amor, porém existe um amigo ou familiar mais distante disposto a oferecer a barriga solidária, será preciso enviar a solicitação para análise no Conselho Federal de Medicina, que irá analisar cada caso individualmente com o principal objetivo de evitar que exista um comércio de barriga de aluguel.

A gestante da barriga solidária pode influenciar o bebê geneticamente?

No útero de substituição será o embrião do casal e, portanto, o DNA do casal que estará presente do bebê, no entanto, os hábitos da gestante podem influenciar o bebê de forma epigenética através do tecido que reveste o útero por dentro (endométrio). Por exemplo, se a gestante padecer de obesidade durante a gravidez, os riscos do bebê ter tendência para a obesidade são maiores, o mesmo pode acontecer se a gestante for diabética.

Barriga de aluguel em outros países

Existem países, como os Estados Unidos, que permitem a prática da barriga de aluguel. Procurar outros países para contratar estes serviços não é aconselhável, já que o casal pode enfrentar problemas posteriores, além de não poder controlar com segurança em que condições seus descendentes estarão sendo gerados, o que pode afetar o bebê, como comprovado no estudo sobre a influência epigenética da gestante, independente dos embriões não terem sido gerados com seus óvulos.

Sobre Dra. Genevieve Coelho

Dra. Genevieve Coelho é ginecologista especialista em reprodução humana pelo Instituto Valenciano de Infertilidade (IVI), na Espanha, e especialista em vídeo cirurgia pelo Instituto São Rafael em Milão, Itália. Dirige o IVI Salvador desde sua fundação em 2009. www.ivi.net.br (71) 3014 9999

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Um comentário

  1. Eu tive meu único filho através de barriga de aluguel no exterior. Acompanhei toda a gestação á distância, não foi fácil mas hoje tenho o maior presente da minha vida e com certeza faria tudo de novo! Fui muito bem assistida pela agência que nos ajudou.

    Para quem não pode ter filhos essa é sim uma ótima opção.

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