Dicas de leitura para ler com seus filhos nas férias

Férias escolares – Dicas de leitura para ler com seus filhos nas férias

Explorar o universo imaginário e os diversos formatos dos livros ajuda na produção dos primeiros sons e palavras da criança

Dicas de leitura para ler com seus filhos nas férias

O primeiro “era uma vez” de uma criança é uma  viagem sem volta no mundo fantástico das palavras e das histórias. A leitura, além de ser essencial para a formação das crianças, também ajuda no processo de aprendizado da fala e linguagem. As histórias, além do estímulo que representam à imaginação, aumentam o vocabulário e a curiosidade sobre a linguagem. Contos de fadas, gibis, livros interativos, livros-brinquedos, livros de tecido ou até de banho, o importante é oferecer desde cedo aos pequenos o contato com esse mundo mágico da literatura. Explorar o universo imaginário e os diversos formatos dos livros ajuda a despertar a curiosidade e favorece a produção dos primeiros sons e palavras da criança.

Bebês entre 15 e 18 meses tendem a aprender uma palavra nova a cada leitura partilhada e a relacioná-la ao objeto que representa, por isso é muito importante aproveitar o potencial de memorização que eles têm nessa fase. Os pais têm um papel fundamental na promoção deste desenvolvimento, ao poder proporcionar as mais diversas experiências de comunicação a seus filhos. Entre essas experiências, a leitura é uma opção riquíssima para ajudar a estimular a linguagem. Os bebês adoram os livros com sons, por exemplo, que além de incentivar a imitação, aguça a curiosidade e a produção dos sons onomatopeicos e a nomeação das palavras.

Aqui vão algumas dicas que podem ajudar a colocar em prática alguns procedimentos que estimulam o desenvolvimento da comunicação oral e o conhecimento linguístico de uma forma geral.  Recorri a diversas pesquisas, à experiência clínica e minha de mãe.

De 6 meses a 1 ano

Nessa fase, a leitura começa a ser interativa e os pais devem conversar com a criança sobre as figuras, as formas, as palavras e os sentimentos, relacionando-os com a vida cotidiana. Os bebês, quando conseguem se sentar, já podem segurar os livros e também colocá-los na boca. Nessa fase, os pais podem:

  • Nomear as figuras que o filho aponta no livro ou aquelas em que ele fica interessado;
  • Ajudar o bebê a virar as páginas do livro;
  • Transmitir o clima da história por meio da entonação da voz, de gestos e de expressões faciais;
  • Conversar com a criança e fazer perguntas sobre as coisas que ela está ouvindo ou fazendo. Por exemplo: “Olha o cachorro! O cachorro faz au-au”;
  • Seguir as indicações do bebê para ler mais, repetir ou parar.

De 1 ano a 2 anos

Nessa fase, a criança consegue escolher um livro e entregá-lo aos pais para lerem. Também aponta as figuras e copia as expressões e os gestos do adulto que está lendo para ela. Assim, os pais podem:

  • ·       Usar diferentes vozes para representar os diversos personagens das histórias;
  • ·       Fazer perguntas para que a criança responda apontando. Por exemplo: “Onde está o gato?”, “Quem faz miau?”;
  • ·       Incentivar que ela faça o som de determinado animal. Por exemplo: “Como a vaca faz? Mu!”;
  • ·       Sorrir e responder quando a criança fala ou aponta;
    Deixá-la virar as páginas do livro;
    Ler a mesma história várias vezes se ela quiser;
  • ·       Acrescentar mais palavras quando a criança apontar uma imagem. Por exemplo: “Menina. Essa menina é bonita”;
  • ·       Fazer outras perguntas sobre as figuras que ela apontar. Por exemplo: Cadê o cabelo da menina?”, “E o cabelo da mamãe?”, “E o seu cabelo?”;
  • ·       Nomear e demonstrar ações e emoções nas histórias. Por exemplo: “A menina está rindo”. E então rir;
  • ·       Levar sempre um livro quando sair com a criança e ler para acalmá-la ou distraí-la.

De 2 a 4 anos

Essa é a fase em que as crianças mais gostam de exercer a previsibilidade e, por isso, gostam que os pais leiam as mesmas histórias várias vezes. Também repetem palavras e frases e participam mais da leitura. Os pais podem:

  • Fazer perguntas sobre as imagens do livro para que a criança responda. Por exemplo: “O que é isto?”;
  • Ler livros que apresentem ações que já entendem como inusitadas. Como: “Os três lobinhos e o porco mau”, ou “O cachorro que faz miau”;
  • Valorizar todas as perguntas e comentários que a criança faz, pois são boas oportunidades para começar uma conversa;
  • Dar espaço para que ela faça comentários sobre alguma figura ou palavra;
  • Incentivar a contar sua história favorita, da sua própria maneira;
  • Levá-la a bibliotecas ou livrarias para escolher livros ou ouvir histórias;
  • Mostrar como as coisas que acontecem com os personagens são parecidas com algo que ela mesma já fez ou viu;
  • Falar sobre os sentimentos dos personagens e perguntar se ela já sentiu a mesma coisa;
  • Deixar que conte o que acontece em seguida ao ler histórias já conhecidas.

Algumas dicas na hora de escolher os livros

Para os bebês

Livros com barulhos ou mesmo de plásticos, como os de banho, despertam muito o interesse dos bebês. Outra opção são os livros de pano, que deixam o pequeno à vontade para manuseá-los. O importante é prestar atenção se ele pode ser levado à boca e se não apresenta pontas ou peças que possam se soltar.

De 1 a 2 anos

Livros com texturas são os mais recomendados para essa idade, pois o toque é fundamental nesse período. As ilustrações também podem ser observadas porque chamam bastante a atenção da criançada dessa faixa etária.

De 2 a 4 anos

Escolha livros repletos de figuras e ilustrações com enredos mais curtos e letras grandes. Livros cartonados com páginas grossas também são opções recomendadas porque facilitam o manuseio. Assim como os pop-ups e os com abas, que interagem com as crianças dessa idade. A princípio, seu filho poderá pedir que você conte a história. Mas, aos poucos vai descobrir como pode ser divertido “ler” do jeitinho dele.

De 5 a 7 anos

É comum a criança ter mais interesse por livros que apresentam figuras conhecidas como sol, árvores e flores com olhos e boca.

De 7 a 10 anos

Nessa fase, a criança passa a se sentir atraída por super-heróis, vilões, príncipes, princesas e, claro, bruxas. Portanto, aposte nesses temas sem medo. Como elas estão começando a ser alfabetizadas, prefira livros com letras grandes e de forma, facilitando o entendimento.

Alguns títulos que podem ajudar na fase de estimulação da fala ou em outras situações, como tirar a chupeta, o medo de algo e também outros títulos com aventuras gostosas de ler para os pequenos.

Confira:

1 – Sons da natureza –  Ciranda Cultural

O livro é de pano e tem um botão que quando aperta faz o som do passarinho, da chuva, do vento.

 

2 – Que som é esse? Fazenda – Yoyo Books

Livro cartonado com alguns animais da fazenda e com os sons que os bichos emitem.

 

Títulos para estimular a imaginação e ampliar o vocabulário

1 – Quando mamãe virou um monstro – Joanna Harrison (Brinque-book)

2 – O pinguim chamado Pinguim que tinha pé frio – Jorge Chaskelmann  (Amarilys)

3 – O Ratinho, o morango vermelho maduro e o grande urso esfomeado – Don e Audrey Wood (Brinque-book)

4 – O que tem dentro da sua fralda – Guido Van Genechten (Brinque-book)

As crianças interagem, se divertem e identificam-se com os personagens da história contribuindo para a interação e a estimulação da linguagem. Aproveite para fazer o som dos animais que são os personagens da história e nomeá-los.

5 – O Balde das chupetas – Bia Hetzel (Brinque-book)

Este livro possibilita a identificação da criança com o personagem da história contribuindo para a interação e a estimulação da linguagem e ainda incentiva largar a chupeta.

6 – Seu soninho, cadê você? – Virginie Guerin

Neste livro, as crianças matam a curiosidade e interagem com a história enquanto procuram pelo Seu Soninho com Jacó, abrindo janelas nas páginas, puxando setas e encontrando dobraduras que saltam para fora da folha.

7 – Vai embora grande monstro verde – Ed Emberley ( Brinque-book)

É um livro cheio de recortes que faz com que as crianças espantem seus monstros noturnos da imaginação.

8 – Maria vai com as outras – Sylvia Orthof (Ática)

A ovelha Maria ia sempre com as outras. Mas um dia ela resolveu trilhar seus próprios caminhos.

9 – Chapeuzinho Amarelo – Chico Buarque (José Olympio)

Chapeuzinho é uma bela menina que sofre de um mal terrível – sente medo do medo. Enfrentando o desconhecido, o lobo, ela supera medos, inseguranças e descobre a alegria de viver. Aqui o autor, com sensibilidade, constrói um texto em que a linguagem é um grande jogo. Favorece o aumento do vocabulário e permite o desenvolvimento da consciência fonológica.

 

Texto com rima que desenvolve a consciência fonológica

1 – Assim Assado – Eva Funari (Moderna)

As repetições no texto dão o tom da história e permite a brincadeira com as palavras estimulando o desenvolvimento da linguagem.

2 – A casa sonolenta – Audrey Wood (Ática)

Proporcionar novas experiências auditivas para a criança com sons e vozes é fundamental. Este livro favorece essa dinâmica. Aproveite para contar a história fazendo vozes diferentes para cada personagem.

3 – O sanduíche da Maricota – Avelino Guedes (Moderna)

4 – A vaca Mimosa e a mosca Zenilda – Sylvia Orthof (Ática)

 

Livros com figuras grandes e texto curto escrito em letra bastão

Indicado para crianças a partir de 3 anos. É ideal também para a fase da alfabetização porque usam palavras de estrutura simples em que a criança consegue ler quando ainda está aprendendo.

Coleção Gato e Rato – Ed. Ática

1 – A bota do bode – Mary Franca e Eliardo França (Ática)

2 – A boca do sapo – Mary Franca e Eliardo França (Ática)

 

Lendo, ouvindo, viajando pelos mais diversos universos imaginários, brincando, interagindo e aprendendo. É assim que também se aprende e desenvolve a linguagem e também é tão gostoso ficar juntinho dos nossos pequenos, não é mesmo? Então aproveite também as férias para ler com eles!

Sobre Raquel Luzardo

Fonoaudióloga, especialista em linguagem, diretora da Clínica FONOterapia, atua há mais de 15 anos em atendimento infantil, orientação familiar e assessoria escolar. Casada com o Yan e mãe do Gabriel, acredita que a comunicação é a ferramenta para as relações acontecerem de forma plena e feliz!

Veja também

A Fonoaudiologia e a inclusão escolar

Um lugar na escola faz diferença: Fonoaudiologia e a inclusão escolar Orientação e planejamento educacional …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *