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Mães com câncer: A quarta cirurgia e uma perda mais que dolorida

Olá amigos,

Voltando um pouco na ordem de como tudo aconteceu, conto um pouquinho de um outro procedimento cirúrgico.

Como havia falado no segundo post, fiz duas cirurgias consecutivas, em dezembro de 2012, devido à metástase óssea, ok! Um tempinho para descansar (claro que continuando com aquela tonelada de remédios, uma média de 25 comprimidos/dia).

Os pontos da minha coluna não causavam dor, então o melhor a ser feito nesse caso era acompanhar com exames de rotina. Mas como nada é muito fácil, comecei a sentir uma dor no pé, sim no pé esquerdo! Isso foi em meados de fevereiro de 2013.

Vai pra lá, pra cá, exames mil, análises e a dor só aumentava, se tornando quase que insuportável. Depois de tanto estudarem foi descoberto que um pontinho na minha coluna (vértebra L4) causava essa dor. A dor era refletida no pé, porque o ponto encostava num nervo, então vamos a mais uma cirurgia.

Fiz novamente o procedimento de congelamento (o mesmo feito no fêmur), anestesia geral, internação, dor, e todo aquele pânico! Meu médico, uma pessoa abençoada, Dr. Ricardo, tirou aquela dor com as mãos! Passado o efeito da cirurgia e dos medicamentos já não sentia mais nada, e mais um pontinho se foi! Graças a DEUS!

Então, vamos “tentar” voltar a ter um pouco de normalidade. Nesse meio tempo meu Sogro já não vinha se sentindo muito bem (ele teve câncer no pulmão há 6 anos, mas estava curado). Sempre tive apoio incondicional dele e da minha Sogra nesse processo da doença. Lembro-me que quando descobrimos, naquele fatídico maio de 2012, o Daniel ligou para eles e disse: “Pai a Luciana está com câncer”. Eles, já com certa idade, morando em uma cidade próxima a São Paulo, perguntaram delicadamente se poderiam vir me ver. Claro que disse que sim. Cerca de uma hora e meia depois eles chegaram. Me abraçaram forte, chorei absurdamente. Ele, Seu Pedro, apenas ficou com os olhos molhados, sentamos à mesa da copa e ele me deu vários sábios conselhos, que tudo daria certo, que Deus estava comigo, relembrou de sua experiência e como estava bem!

Sofia em junho de 2012 na Festinha Junina da Escola com o Vovô

Em abril de 2013, aproximadamente um mês depois da minha cirurgia na coluna, Seu Pedro apresentou uma piora no seu quadro e os médicos não descobriam a causa de tal desconforto, foi quando finalmente conseguimos um médico que deu o diagnóstico final, câncer de pulmão com metástase no cérebro. Deus foi extremamente misericordioso com ele, deixando-o sofrer naquele hospital solitário apenas uma semana. Foi quando ele partiu, dia 15 de abril.

Tive a oportunidade de me despedir, de dizer o quanto o queria bem, e o quanto havia aprendido com ele, disse a ele que não poderia haver um Sogro melhor! Nesse dia passei mal na UTI, precisaram me acudir e me tiraram da sala, era uma dor que não cabia no peito, muita dor! Como poderia perder alguém tão querido com câncer? De novo?! Perdi minha Mãe com câncer há 20 anos, um post que ainda não consegui escrever.

Pensei no porquê de tudo isso! Por que esse tal de câncer judiava tanto das pessoas, por que fazia as pessoas sofrerem e depois a levavam embora deixando um buraco de saudades aberto na família, nos amigos. Buraco esse que durará eternamente.

Me coloquei em seu lugar, já que eu também me trato de câncer, foi um misto de emoções! Amor, Medo, Saudades, Tristeza e a certeza de que meus domingos quinzenais nunca mais seriam os mesmos. Tínhamos o hábito de ir para a casa deles com as crianças e os cachorros aos domingos, eram dias incríveis! Dias em que as meninas curtiam os Avós, o Daniel seus Pais e eu meus Sogros. Nos divertíamos pra valer. Sofia curtiu muito o ”Vovô Pedinho“, assim ela o chamava, teve a sorte de ter um Avô tão amoroso que a balançava forte na rede (risos) e na poltrona de girar da sala de tv.

Foi difícil demais me reerguer novamente já que vinha de uma sequência surreal de cirurgias e tratamentos pesados. Meu psicológico estava destruído.

Como sempre, volto nas nossas crianças. A Sofia hoje aprende com o câncer que a vida não é nada fácil, que sofremos na vida e que a Mamãe não está sempre tão disposta o quanto ela (e eu) gostaríamos. Ela aprende a dor dentro de casa, antes aqui do que com os golpes duros desse mundo sem amor.

E quanto ao Vovô Pedinho? Ah, esse plantou uma sementinha no coraçãozinho dela, uma semente de amor que irá durar eternamente, pois ele continua vivo no coração de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.

Que DEUS esteja sempre comigo, com ele e com todos!

Força, Fé e Coragem a nós!

Beijos

Lu

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