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A maravilhosa experiência de ser mãe de duas crianças superdotadas

Meu nome é Claudia Hakim. Sou extremamente abençoada por ser mãe de duas crianças lindas, saudáveis, simpáticas, educadas e … superdotadas !

Meu filho tem 10 e a minha filha 13 anos. O mais novo está no sexto e a mais velha no nono ano do ensino fundamental. Ambos possuem superdotação acadêmica (notável desempenho acadêmico) e o meu filho, também, possui amplas habilidades musicais e de informática. Os dois foram acelerados de série na escola e estão muito felizes e motivados, assim como estão bem socialmente. Porém, tudo nem sempre, foram flores. O caminho percorrido por mim e pelo meu marido, para que pudéssemos oferecer uma educação de acordo com as necessidades especiais educacionais dos nossos filhos, foi complicado. Passamos por momentos desgastante e por vezes, preocupante.

No Brasil, a atenção a esta questão da superdotação e da educação aos alunos com altas habilidades/superdotação é relativamente nova. As escolas, daqui, não estão preparadas para lidar com os alunos academicamente mais favorecidos, que aprendem rápido, que apresentam muita curiosidade e sede de conhecimento. Raras são as escolas que conseguem identificar estes alunos. Os pais, quando descobrem a superdotação de seus filhos, ficam receosos e desorientados e quase nunca encontram ajuda para lidar com esta situação. Isto porque as escolas somente se preocupam com aqueles que têm defasagem (dificuldade) de aprendizagem e acreditam que aqueles que têm facilidade de aprendizagem não precisam de mais nada. Que eles vão sozinhos.

Como toda mãe de primeira viagem, achava a minha filha absolutamente normal e inteligente.

Minha filha começou a falar cedo (por volta de um ano de idade) e se concentrava muito nos brinquedos de sua preferência. E, logo que começou a falar, seu vocabulário começou a se mostrar amplo.

Com um ano e meio, ela sabia o nome de todas as cores, muitos números, e decorava facilmente o nome dos personagens de seus jogos. Aos dois anos, ela demonstrou interesse pelas letrinhas de um de seus livrinhos, então, eu comecei a introduzir o alfabeto para ela. Ela mostrou interesse e facilidade em aprender o alfabeto. Com três anos, aprendeu a ler o seu nome, o dos pais, dos avós e de todos os amiguinhos de sua classe, o que eu também achava normal e com quatro anos, ela já estava totalmente alfabetizada e escrevia sem cometer erros de ortografia, já escrevendo uma pequena redação. Foi aí, que esta questão começou a nos chamar a atenção.

Na época, a psicóloga da escola, nos chamou e nos disse que estava muito preocupada, pois a minha filha aparentava ter PULADO ETAPAS de seu aprendizado. Que ela se comportava como uma criança mais velha e achava que tudo o que ela sabia era fruto de nossos estímulos. O conselho dela era que parássemos de estimulá-la, para que ela tivesse um desenvolvimento normal. Ficamos assustados, e seguimos o conselho à risca. Todo e qualquer interesse dela por aprendizagem, alfabetização e números era, por nós, ignorado. Mas, minha filha não deixou de se desenvolver por conta disto! O desenvolvimento dela continuou em ritmo acelerado, mesmo sem a nossa ajuda!

Hoje em dia, eu sei que as crianças, ao começarem a alfabetização, cometem muito erros de ortografia, esperados até para a fase em que estão. Meus filhos, assim que se alfabetizaram (ambos com quatro anos já estavam completamente alfabetizados), já começaram a escrever sem erros de grafia.

No ano seguinte, quando ela começou o infantil 4, de sua escola (no ano em que faria 5), as coordenadoras da escola, nos chamaram a atenção para o fato de que a minha filha estava muito avançada em relação aos seus pares e marcaram uma reunião, para conversarmos sobre isto.

Neste dia em que marcaram a reunião, eu fiquei pensando: “Por que marcar uma reunião para conversar sobre as facilidades da minha filha?“ Será que ela não está bem?“. A resposta da coordenadora foi a de que: “Ela estava muito bem demais!”.

Ouvido isto, entrei na internet e fiz um monte de pesquisas sobre as características da minha filha e todas, todas elas, sem exceção, enquadravam a minha filha como uma criança superdotada. Levei um susto! Não imaginava que a superdotação fosse uma questão tão presente em nosso cotidiano (1 a 5% de nossa população são considerados como superdotados ou talentosos) e tão próxima de nossa realidade!

Pois, quando fomos à reunião, as coordenadoras a consideravam muito além de seus pares, com muito potencial de aprendizagem, que, enquanto os pares estavam começando a aprender o alfabeto, ela já escrevia sem erros de grafia e que a sugestão seria acelerá-la, desde que ela fizesse uma avaliação com uma psicopedagoga, para avaliar o seu potencial cognitivo, comportamental e o seu estado emocional, frente à sua superdotação e uma possível aceleração. Nós fomos à busca desta avaliação psicopedagógica.

A avaliação demorou dois meses e meio para ser concluída e com um laudo muito detalhado que a profissional nos apresentou, realizado através de várias sessões, com testes de QI, psicológicos, comportamentais e de execução, veio a confirmação daquilo que já sabíamos. Minha filha era aluna com altas habilidades/superdotação, possuidora de um QI (testado através de vários testes) muito superior e a indicação da profissional era que ela fosse acelerada de série. Até aí, tudo seria lindo e maravilhoso, se não contássemos com a negativa da Diretoria de Ensino (órgão fiscalizador da Secretaria da Educação de São Paulo), que recusou o pedido que a escola da minha filha fez, para ser acelerada de série. Neste momento, ficamos com a seguinte questão: Descobrimos que a nossa filha era aluna superdotada, tinha necessidade e aptidão para ser acelerada, porém, a Secretaria de Educação de São Paulo era contra esta aceleração de série, pelo simples fato de que “a minha filha não tinha idade suficiente para cursar a série desejada”. Um absurdo! Como conseguimos resolver isso ? Contarei na minha próxima coluna.

Até mais !

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