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Precisamos mudar nossos hábitos

O consultório do cardiologista pediátrico há alguns anos, era basicamente formado por crianças com doenças congênitas, sopro, arritmias, miocardiopatias. Tratava-se de um ambiente com pacientes na lactância e na idade pré-escolar. Atualmente temos presenciado uma mudança nesse padrão. Crianças mais velhas e adolescentes tem procurado atendimento com queixas que, no passado, não eram frequentes nessa faixa etária, como hipertensão, obesidade, dislipidemia e stress.

É fato que hoje nossos filhos passam mais tempo diante da televisão, ouvindo música, conectado na internet ou tudo isso ao mesmo tempo. Comem quantidades enormes de alimentos industrializados, enlatados, fast-food; praticam menos esportes, brincam menos ao ar livre. Todos esses fatores de riscos que levaram a uma previsão de que essa geração poderá ser a primeira onde os filhos viverão menos que os pais.

E como mudar nossos hábitos?

Foto: FreeDigitalPhotos.net

A criança é um ser em formação que aprende, principalmente, através dos exemplos que lhe são apresentados, portanto a criação de hábitos saudáveis passa pela mudança do nosso comportamento como pais. Cabe a nós estimularmos as atividades ao ar livre, as brincadeiras que exigem do corpo. Sei que não é fácil essa mudança, há vários fatores que precisam ser considerados; como a questão do espaço, cada vez mais raro nas grandes cidades; da segurança e também da nossa disponibilidade, uma vez que muitas vezes trabalhamos durante todo o dia e chegamos em um horário que impossibilita as atividades externas. Mas para mudar é preciso dar o primeiro passo, reservando um horário do dia para criança brincar em um parquinho, andar de bicicleta, jogar bola. Caso não tenha condições de realizar atividades externas durante a semana, invente brincadeiras na sua própria sala, coloque uma música, invente uma coreografia, brinque de morto-vivo, estátua, jogue videogame com sensores de movimento, procurando sempre jogos agitados. Use a imaginação, reserve esse tempo para vocês.

Outro ponto que precisa ser combatido é a alimentação desbalanceada e o erro alimentar. Na correria do dia a dia frequentemente lançamos mão de alimentos prontos ou fast-foods, no entanto esses alimentos são extremamente calóricos, ricos em gordura e conservantes que, certamente, cobrarão seu preço no futuro.

Para a mudança de hábito alimentar é preciso, em primeiro lugar, se conscientizar de que há um problema. O erro alimentar está tão enraizado na nossa cultura que nem percebemos que estamos fazendo escolhas erradas. Por isso é importante, quando decidimos mudar, realizar um diário alimentar, anotando de forma honesta e meticulosa todas as nossas refeições durante o dia por pelo menos uma semana, desse modo o médico ou nutricionista consegue analisar o hábito familiar e, assim, definir estratégias para serem seguidas durante a reeducação. A partir daí é feito uma lista de compras que precisa ser seguida sem exceções, pois não dá para exigir força de vontade de uma criança ou adolescente se a despensa estiver repleta de guloseimas.

Com a vida agitada que levamos é muito difícil cozinhar todos os dias, essa é a principal desculpa que usamos para pegar o telefone e pedir uma pizza, mas com planejamento e organização é possível preparar um cardápio, cozinhar uma ou duas vezes na semana e acondicionar as refeições em recipientes para serem congelados e consumidos durante a semana.

A mudança passa por escolhas, mudar hábitos é um exercício diário que envolve toda a família, que deve estar consciente que essas mudanças levarão a todos a uma vida mais saudável. Dê o primeiro passo, sua saúde e a de seus filhos agradecem.

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