Você já observou como seu filho respira?

O choro do bebê ao nascimento é um grito à vida, uma vez que é a forma de adaptar a respiração do bebê ao ambiente que o acolherá. É comum nos primeiros dias de maternidade, muitas mães verificarem diversas vezes se seu bebê está respirando, como está dormindo, passando depois a um fato rotineiro. O que muitos não sabem é que a respiração é essencial à vida e a muitas outras funções e tem relação direta com o crescimento e desenvolvimento da face, sucção, mastigação, deglutição e fala. Por isso faço a pergunta: você já observou hoje como seu filho respira?

O bebê nasce preparado para respirar pelo nariz, e isso estimula o crescimento de sua face por meio da passagem da corrente aérea pelo nariz e da postura adequada das estruturas do rosto (língua, lábios, mandíbula, etc) seja durante o sono ou ao mamar. Quando há alguma alteração que impeça a fisiologia da respiração, ou seja, a passagem de ar pelo nariz, a postura de lábios tocando-se, e a língua parada no céu da boca durante o sono ou o repouso, a criança deixa de respirar pelo nariz e passa a respirar com a participação da boca.

Foto: Reprodução www.sheknows.com
Foto: Reprodução www.sheknows.com

A respiração oral é uma adaptação do organismo para manter-se em funcionamento. Deve ser considerada como um sinal evidente de que algo está errado e precisa de atenção, pois à curto longo prazo, trará diversas consequências à criança, conforme listado abaixo:

CONSEQUÊNCIAS DA RESPIRAÇÃO ORAL
Não purifica e aquece o ar que passará por toda a garganta até chegar aos pulmões.
Com isso, são comuns infecções como amigdalites, otites, rinites e sinusites. Aumenta também as crises de cefaléias (dores de cabeça).
Promove um desequilíbrio da postura corporal da criança.
Mantém uma postura inadequada também da boca, interferindo de forma negativa na força dos músculos dos lábios, língua e bochechas e, em uma relação em cadeia, prejudicará as funções desempenhadas por eles: sucção, deglutição, mastigação e fala.
Devido às alterações de postura e força dos músculos da boca, há alteração também da direção do crescimento dos ossos da face, estreitando as narinas, crescendo pouco a região das maçãs do rosto, deixando o céu da boca fundo e alterando também a oclusão dentária.
Por respirar mal a criança respiradora oral é comprovadamente mais desatenta, agitada e tem dificuldade de concentração, podendo gerar problemas no aprendizado.

 

Ao identificar algum destes sinais de dificuldade na respiração é importante que buscar avaliação médica otorrinolaringológica ou pediátrica. Eles irão identificar os possíveis causadores de tal mudança e indicarão o melhor tratamento para o caso: medicamentoso, mudança de hábitos familiares (como nos casos de alergias), fonoterapia ou cirúrgico.

Nos casos em que a respiração oral é decorrente de hábito inadequado (como uma “mania” de ficar com a boca aberta) ou permanece após a intervenção cirúrgica, a terapia fonoaudiológica promove a adequação da função da musculatura da face, permitindo a retomada da respiração nasal efetiva.

O diagnóstico correto e o tratamento precoce são fundamentais para o ajuste do modo respiratório. Prevenir ainda é o melhor “remédio”. Quanto antes o diagnóstic o for realizado, menor serão os prejuízos para a criança.

 

Um abraço,

Sobre Dra. Daniela Barbosa

Dra. Daniela Barbosa (CRFa. 15230-2) é fonoaudióloga, mestre em Ciências da Reabilitação e especialista em Motricidade Orofacial pela USP. Professora do Curso de Fonoaudiologia da Unopar. Faz parte da equipe de As Fissuradas, no Facebook, onde mantém um diálogo aberto com as mães. Atua em consultório particular e também em centro especializado em malformações craniofaciais.

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2 comentários

  1. William Higa

    Olá, Dra.
    Meu filho tem 1 ano e 10 meses de idade. Ele frequentemente dorme respirando pela boca! Minha esposa inclusive percebeu uma possível apinéia do sono esta noite! Quem devo procurar? Um pediatra? Ou melhor um fonoaudiólogo? Existe profissional que é “fonoaudiólogo pediátrico”?
    Se possível, me passe o telefone do seu consultório para mias informações!
    Muito obrigado!

    • Olá Wiliam,
      Sugiro buscar uma avaliação com médico otorrinolaringologista. Ele avaliará toda a estrutura do nariz e garganta. Caso tenha algum fator que esteja dificultando a respiração do seu filho, definirá a melhor conduta (medicamentosa, ambiental, cirúrgica). Nos casos em que esta etapa já foi ultrapassada e a criança permanece com a respiração oral (por hábito ou fraqueza da musculatura facial), a terapia fonoaudiológica auxiliará!
      Atenciosamente,

      DanielaBarbosa
      Fonoaudióloga
      http://www.facebook.com/fonodanielabarbosa

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