O choro do bebê ao nascimento é um grito à vida, uma vez que é a forma de adaptar a respiração do bebê ao ambiente que o acolherá. É comum nos primeiros dias de maternidade, muitas mães verificarem diversas vezes se seu bebê está respirando, como está dormindo, passando depois a um fato rotineiro. O que muitos não sabem é que a respiração é essencial à vida e a muitas outras funções e tem relação direta com o crescimento e desenvolvimento da face, sucção, mastigação, deglutição e fala. Por isso faço a pergunta: você já observou hoje como seu filho respira?
O bebê nasce preparado para respirar pelo nariz, e isso estimula o crescimento de sua face por meio da passagem da corrente aérea pelo nariz e da postura adequada das estruturas do rosto (língua, lábios, mandíbula, etc) seja durante o sono ou ao mamar. Quando há alguma alteração que impeça a fisiologia da respiração, ou seja, a passagem de ar pelo nariz, a postura de lábios tocando-se, e a língua parada no céu da boca durante o sono ou o repouso, a criança deixa de respirar pelo nariz e passa a respirar com a participação da boca.
A respiração oral é uma adaptação do organismo para manter-se em funcionamento. Deve ser considerada como um sinal evidente de que algo está errado e precisa de atenção, pois à curto longo prazo, trará diversas consequências à criança, conforme listado abaixo:
CONSEQUÊNCIAS DA RESPIRAÇÃO ORAL |
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Não purifica e aquece o ar que passará por toda a garganta até chegar aos pulmões. |
Com isso, são comuns infecções como amigdalites, otites, rinites e sinusites. Aumenta também as crises de cefaléias (dores de cabeça). |
Promove um desequilíbrio da postura corporal da criança. |
Mantém uma postura inadequada também da boca, interferindo de forma negativa na força dos músculos dos lábios, língua e bochechas e, em uma relação em cadeia, prejudicará as funções desempenhadas por eles: sucção, deglutição, mastigação e fala. |
Devido às alterações de postura e força dos músculos da boca, há alteração também da direção do crescimento dos ossos da face, estreitando as narinas, crescendo pouco a região das maçãs do rosto, deixando o céu da boca fundo e alterando também a oclusão dentária. |
Por respirar mal a criança respiradora oral é comprovadamente mais desatenta, agitada e tem dificuldade de concentração, podendo gerar problemas no aprendizado. |
Ao identificar algum destes sinais de dificuldade na respiração é importante que buscar avaliação médica otorrinolaringológica ou pediátrica. Eles irão identificar os possíveis causadores de tal mudança e indicarão o melhor tratamento para o caso: medicamentoso, mudança de hábitos familiares (como nos casos de alergias), fonoterapia ou cirúrgico.
Nos casos em que a respiração oral é decorrente de hábito inadequado (como uma “mania” de ficar com a boca aberta) ou permanece após a intervenção cirúrgica, a terapia fonoaudiológica promove a adequação da função da musculatura da face, permitindo a retomada da respiração nasal efetiva.
O diagnóstico correto e o tratamento precoce são fundamentais para o ajuste do modo respiratório. Prevenir ainda é o melhor “remédio”. Quanto antes o diagnóstic o for realizado, menor serão os prejuízos para a criança.
Um abraço,