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A história de uma mãe que descobre que está com câncer

Olá, meu nome é Luciana, tenho 40 anos, sou Mãe da Sofia de 4 anos, e tenho mais dois filhos peludos, o Bug e Pituka. Sou esposa do Daniel que me presenteou com mais duas meninas lindas vindas de outro relacionamento.

Neste momento me sinto “ presa”, cheia de Projetos em mente, cheia de coragem! Mas, talvez por conta da situação e cansaço, sem vontade, sem ânimo.

Deus coloca em nosso caminho pessoas especiais, e disso posso falar de boca cheia! Como é importante num processo de doença ter um amigo por perto, pra segurar sua mão, te puxar pra cima, te ajudar. Refiro-me especificamente agora à Monica Romeiro que se tornou minha “amiga de infância” depois que ficamos velhas! (essa é uma longa historia que conto em outra oportunidade). Por conta de nossa amizade sólida, tive esse impulso de escrever, de sair da bolha em que me encontro e partilhar com vocês minha história …

A história de uma mãe que descobre que está com câncer

Dia 17 de maio de 2012 descobri, por obra do destino, um câncer raro. O pior dia da minha vida. Receber uma notícia dessas é como ver que sua vida foi boa enquanto durou e que seus dias estão contados. É cruel.

Meu primeiro e único pensamento foi a Sofia. Como poderia ir embora tão cedo sem antes passar meus valores a ela? Na ocasião ela tinha apenas dois aninhos.

Lembro que na primeira cirurgia que fiz, e a mais complexa, para retirada do tumor primário, fui ao quarto dela durante a madrugada me despedir (já que internaria na manhã seguinte). Chorei até me desidratar. Que momento difícil, porque a vida haveria de fazer isso comigo…

 

Eu e minha filha dias após a cirurgia, ainda com meu cabelão.

Desde o começo de toda essa tormenta sempre fui muito sincera com ela, explicando, na linguagem de uma criança de 2 anos, que a Mamãe estava “ dodói”, que iria ao Hospital ficar uns dias por lá, para cuidar desse “ dodói”.

Ter câncer é difícil pra qualquer um e em qualquer idade, é um golpe da vida sem dó, uma apunhalada! Mas quando se tem um filho pequeno o medo se multiplica, mas sempre adotei a sinceridade para tratar esse assunto com ela.

De início, o fato de ser Mãe me deixava depressiva, eu olhava pra ela e não podia me conter, mas logo depois me imbui de algo inesperado e descobri observando aquele olhar doce e meigo que a força pela qual eu buscava estava bem ali na minha frente, e tinha nome: Sofia.

Comecei então a lutar pela vida de verdade, lutar para poder ficar com ela, lutar para me curar, lutar para levantar da cama e levá-la pra escola, lutar para cuidar daquele pedacinho de gente que dependia 100% de mim.

A dor e o desespero deram espaço à esperança e à vontade absurda de viver.

Da Sofia sempre vieram o apoio que precisava e preciso! Sempre com a VERDADE, sempre.

Ela também tem seus momentos de revolta, interpreto alguns como revolta pelo meu estado e outros pela própria idade mesmo.

Difícil separar esses dois! Porque dói dar bronca quando ela apronta para chamar minha atenção pelo fato da minha ausência, pois estou sempre em consultas, tratamentos e exames. Ser Mãe é uma tarefa árdua, diária, e não tem nada nessa vida que possa machucar mais uma Mãe do que ver seu filho sofrer.

Tento o tempo todo conduzir tudo da melhor maneira, entendendo o lado dela, mas também o meu lado, porque perdemos a paciência com nossos filhos com muita frequência e isso é muito normal! Estranho se fosse ao contrário. Até nisso ela tem me ensinado a ser melhor, não só como Mãe, mas como pessoa.

Tenho muitas histórias para dividir com vocês, pois há dois anos estou nessa luta… De lá pra cá muita coisa mudou, valores, vontades e o principal: a forma de educar minha filha.

 

Nos veremos em breve,

Beijos
Luciana Bernal

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