Algumas vezes em meus posts anteriores e constantemente nos atendimentos em meu consultório, insisto que é preciso conhecer e respeitar nossos filhos, sejam eles como forem, tenham a personalidade que tiverem, seus acertos e seus erros, seus sonhos e seus medos. Mas começo a perceber que há um passo anterior a esse: conhecer e respeitar a si própria como pessoa e mãe. Quem sou? Qual a minha personalidade, meu temperamento? Como lido com meus erros e acertos? Quais são meus sonhos? Quais são meus medos?
A chegada de um bebezinho pode estremecer os alicerces de muitas certezas sobre a vida e sobre nós mesmas… E nesse momento podemos escolher ficar acuadas e confusas ou encarar o desafio de crescer. Pois ser mãe definitivamente exige que você cresça.
Há um outro aspecto importante que devemos considerar: todas nós já vivenciamos a maternidade, mas do outro lado… sendo filhas! Como foi sua relação com sua mãe? Como é sua relação com sua mãe? Quais são sua crenças e conceitos a respeito de ser mãe? O lance é meio psicanalítico mesmo, pois a imagem materna tem uma força e uma amplitude imensas em nossa vida, mesmo quando já somos adultas bem-resolvidas (se é que isso existe…).
Como você era quando criança? Boazinha, comportada, espoleta, choramingona? Quais as suas concepções sobre o que é uma infância saudável e feliz? Como você imaginava que seu filho seria quando ainda estava grávida? Queria que ele quase não chorasse, mas quando chorasse fosse fácil de consolar? Queria que ele dormisse a noite? Que ele comesse de tudo e limpasse o prato sempre?
Muitos conflitos e dificuldades surgem quando a realidade se choca com nossa imaginação, quando o que acontece concretamente é diferente daquilo que sonhamos… Nossas expectativas e concepções moldam a forma como vivemos e nos relacionamos. Muitas vezes, não importa o que acontece, mas a forma como reagimos ao que acontece. Você já percebeu que às vezes seu filho tem a mesma atitude, por exemplo, fazer birra na hora de comer, em dias diferentes, mas em um dia você leva numa boa e no outro você quase arranca os cabelos?
Então, dê uma chance à reflexão quando se sentir angustiada ou em conflito. Se precisar, recorra à ajuda profissional (uma boa terapia pode fazer milagres…). Mas, atenção: abra o coração e a mente para uma reflexão realista e não para um julgamento impiedoso. O objetivo é garimpar as raízes dos problemas e dificuldades, não ficar se culpando… E, principalmente, encontrar soluções e caminhos que tragam harmonia e paz de espírito.