Fissura labiopalatina – o conhecimento é o melhor tratamento
Meu bebê nasceu com fissura labiopalatina, e agora?
Apesar do avanço da tecnologia na avaliação intrauterina, ainda é comum o diagnóstico da fissura labiopalatina somente após o nascimento. Preocupação e amor se misturam ao ver o rosto do filho amado!
Enfrenta-se então a primeira barreira: a falta de informação. Infelizmente, apesar de uma em cada 650 crianças nascerem com algum tipo de fissura labiopalatina, é comum o desconhecimento por muitos profissionais da saúde, tornando os primeiros momentos de vida angustiantes.
Nos primeiros dias é fundamental a orientação especializada, seja por médico, fonoaudiólogo ou outro profissional experiente nos cuidados com crianças com fissuras. Isso por que as dificuldades e o tratamento do bebê variam de acordo com o tipo de fissura e o quadro clínico do bebê.
Ao receber o filho com fissura, a dúvida mais comum é: como meu filho vai mamar?
Quando o bebê nasce com fissura labiopalatina sem outros comprometimentos associados (síndromes e alterações neurológicas, por exemplo), ele deve ser estimulado ao aleitamento materno, já na maternidade. Devemos ficar atentos, pois de acordo com o tipo de fissura labiopalatina a criança pode ou não apresentar algumas dificuldades facilmente contornadas com ajuda especializada.
– Fissura de lábio (pré-forame)
Quando a fissura acomete somente o lábio (sem acometer o céu da boca), o bebê pode apresentar uma pequena dificuldade inicial no posicionamento ao seio materno, facilmente adaptável à fissura. Para tal, caso o bebê não se adapte à posição tradicional (mãe sentada e bebê semi-sentado com a barriga em contato com a mãe), há estratégias no seu posicionamento ao seio materno, como:
– Cavalinho: quando a mãe fica sentada confortavelmente e o bebê é posicionado sentado em suas pernas, de frente para a mama, com a cabeça apoiada pela mão da mamãe.
– Invertida: para os casos de fissura unilateral, a criança pode ser posicionada à mama de maior preferência e facilidade. Ao trocar de mama, pode utilizar a posição invertida, quando a cabeça do bebê é apoiada com uma das mãos, fica de frente para a mama, as pernas encaixadas na região axilar e todo o corpo apoiado sobre a almofada ou travesseiro.
– Fissura de lábio e palato (transforame)
Também para este tipo de fissura, o aleitamento materno deve ser a primeira opção, podendo ser tentadas as diferentes posições apresentadas acima. Nestes casos, o bebê comumente apresenta sucção mais fraca, devido a presença da fenda palatina que dificulta a pressão intraoral necessária.
Quando o aleitamento materno não é possível, uma possibilidade é a utilização de mamadeira. Inicialmente é oferecida a chuquinha, modelo simples com bico de látex que, por ser um material pouco resistente, permite ao bebê com sucção fraca a extração adequada do leite. Este bico pode ainda ter seu furo adaptado, a fim de facilitar a extração do leite e favorecer seu ganho de peso.
É muito importante o controle da posição do bebê para evitar o refluxo de leite para o nariz ou ouvido (por meio da tuba auditiva). Ele deve estar sempre semi-sentado ou sentado, e nunca deitado, pois desta forma facilitamos o transito oral, evitando o refluxo.
– Fissura de palato (pós-forame)
A fissura de palato pode trazer dificuldades semelhantes às descritas acima, pois a comunicação entre boca e nariz dificulta a pressão oral, podendo causar também o refluxo do leite pelo nariz. Também para estes casos o aleitamento materno deve ser estimulado e, caso não seja possível, passa-se a utilizar a mamadeira como estratégia.
Superadas as angustias e dificuldades iniciais, é o momento de pensar no tratamento do bebê. No próximo artigo vamos discutir sobre os tratamentos oferecidos no Brasil e suas etapas e a importância.
Abraço,