Sempre que recebo em meu consultório um recém-nascido com sua mamãe, vejo no semblante dela a surpresa e o susto de ter um bebê nos braços. Às vezes, até posso ver seus pensamentos estampados em seu rosto: “Meu Deus, o que eu faço com isso?”.
A maternidade é um eterno aprendizado. Para nós, mulheres modernas, isso pode ser um pouquinho complicado, afinal, estamos acostumadas a ter todas as respostas. O que se espera das mulheres hoje é que sejam seguras, assertivas, tenham autoestima elevada, autocontrole. Não gostamos muito de ser questionadas ou que coloquem em dúvida nossas capacidades e habilidades. Temos que ser bem-sucedidas no trabalho, em casa, ter uma vida social, manter a forma. E ser mãe muitas vezes joga por terra essa imagem de mulher-maravilha que passamos anos construindo… Nossa segurança e assertividade parecem desaparecer, a autoestima fica meio avariada de vez em quando, o autocontrole então… Somos questionadas a toda hora e por várias pessoas, às vezes nós mesmas começamos a questionar nossas capacidades e habilidades…
Pois bem, ter filhos é isso mesmo! É descobrir que não temos a resposta para tudo, mas mais importante é descobrir que podemos aprender. Você aprende a amamentar, a trocar fraldas, a fazer papinhas… Você aprende a identificar os diferentes significados do choro… Você aprende as músicas da Galinha Pintadinha e do Patati Patatá… Você aprende que você é muito mais forte do que pensava que era… Mas o que você realmente tem que se esforçar para conseguir é estar aberta aos aprendizados que a maternidade oferece, não se agarrar a pensamentos e crenças que a imobilizam, aceitar as mudanças e deixar a vida fluir…
Veja bem, um filho não é um projeto que você está desenvolvendo, não tem data de entrega, não tem metas a serem cumpridas… Um filho é um ser-humano único, novinho em folha, ávido por descobrir o mundo e experimentar o que a vida tem para oferecer. Por isso, acima de tudo temos que aprender a respeitar a criança como ela é, sua personalidade, seu temperamento, os comportamentos próprios de cada idade, seus sonhos e suas fantasias, seus medos e também seus defeitos. Mas atenção: respeitar a criança não quer dizer deixá-la fazer tudo o que quiser! Afinal, aprender a estabelecer limites e mantê-los, com consistência e consciência é essencial para manter a sanidade de toda a família.
Ser mãe é estar disposta a sair do pedestal e botar a mão na massa, abrir o coração e a mente para aprender o que a vida tem para nos ensinar.