Língua presa, como saber se seu filho tem?

A língua participa de diferentes funções na boca, como a sucção e deglutição – presentes desde a vida intra-uterina – mastigação e fala.

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É um órgão formado por músculos (que garantem sua movimentação) e mucosa. Possui as papilas gustativas, responsáveis pelo paladar, e tem sua movimentação e sensibilidade garantidas graças aos nervos que levam e trazem estas informações ao cérebro. Na parte de baixo da língua há uma pequena membrana que a conecta ao assoalho da boca, o chamado frênulo lingual, conhecido também como freio da língua.

Língua presa é uma doença?

A alteração do tamanho e formato do frênulo lingual é uma anomalia congênita, ou seja, não é uma doença, mas sim uma pequena alteração da forma padrão desta estrutura.

A avaliação do frênulo lingual realizada pelo fonoaudiólogo contempla a análise de sua espessura, comprimento e inserção na língua e no assoalho da boca e as implicações na amamentação e fala. Frênulos muito largos ou curtos ou com inserção muito próxima à gengiva ou à ponta da língua, podem prejudicar imediatamente a amamentação do bebê e na aquisição dos sons da fala.

Como a língua presa prejudica estas funções?

Amamentação: a movimentação da língua restrita pelo frênulo curto dificulta o posicionamento do bico do peito (ou mamadeira) na boca, bem como o formato que a língua mantém para favorecer o trânsito oral do leite para a garganta. Assim, o bebê pode se cansar e mamar menos do que poderia ou deveria, prejudicando seu ganho de peso.

Deglutição: pensando ainda neste trânsito oral do leite (ou qualquer outro alimento), em um padrão normal, a língua faz um movimento de ondulação no sentido da garganta, empurrando o bolo alimentar que seguirá direto para a garganta. Com o frênulo curto, tem-se a restrição deste movimento, podendo provocar engasgos mais frequentes e alimentação mais demorada.

Mastigação: para o melhor desenvolvimento dos músculos do rosto, é indicado que mastiguemos todo o conteúdo que mordemos, um pouco de cada lado, sendo que a língua faz esse transporte do bolo alimentar de um lado para o outro até o a hora de engolir. O frênulo curto vai restringir este movimento de lateralização da língua, provocando uma mastigação unilateral e futuros problemas de dores faciais, por haver uma sobrecarga de um lado do rosto.

Fala: composta pela produção de diferentes sons, os chamados fonemas, a fala é iniciada a partir do primeiro ano de vida. Alguns destes fonemas dependem da adequada elevação da ponta da língua, como em “t”, “d”, “n”, “l” e “r”. Por exemplo, leia em voz alta a seguinte frase, e observe quantas vezes a ponta da língua se eleva: “Téo, o tatu e Lalá, a arara, são nenéns danados”.

A criança com o frênulo curto geralmente distorce o som destes fonemas, pois tentam elevar a língua, mas não conseguem.

Teste da Linguinha

Em 23 de junho de 2014 foi sancionada a Lei nº13.002/14, que torna obrigatória a realização do Teste da Linguinha em recém-nascidos. Maternidades e Hospitais têm até dezembro de 2014 para se adequar à nova legislação.

www.fonoaudiologia.org.br
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Até lá, mamães que têm dúvidas quanto ao frênulo lingual dos seus filhos e possíveis implicações, podem procurar seu pediatra, otorrinolaringologista, odontopediatra ou fonoaudiólogo, para avaliação específica.

 Tratamento

Quando algumas das funções acima estiverem prejudicadas, pode ser necessária a intervenção cirúrgica que vai muito além do conhecido “pic na língua”. São utilizadas técnicas específicas para o corte do frênulo, pois se realizado de forma inadequada, pode ter problemas na cicatrização e seu resultado ficar pior do que era antes da cirurgia. Para estes procedimentos, estão capacitados cirurgiões plásticos, otorrinolaringologistas e odontopediatras.

Nosso corpo é como uma máquina, onde todas as peças devem funcionar em harmonia. Detalhes que parecem pequenos podem comprometer o desempenho de todo o conjunto. Assim, uma simples “pelinha” pequena na boca pode prejudicar de diferentes formas o desenvolvimento de seu bebê. Por isso todas as dúvidas que os pais tiverem devem ser esclarecidas com o pediatra.

Sobre Dra. Daniela Barbosa

Dra. Daniela Barbosa (CRFa. 15230-2) é fonoaudióloga, mestre em Ciências da Reabilitação e especialista em Motricidade Orofacial pela USP. Professora do Curso de Fonoaudiologia da Unopar. Faz parte da equipe de As Fissuradas, no Facebook, onde mantém um diálogo aberto com as mães. Atua em consultório particular e também em centro especializado em malformações craniofaciais.

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