Alunos que seguem o fluxo escolar, com faixa etária correspondente à série, têm melhor aproveitamento na aprendizagem de matemática e português. De acordo com a Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização (Prova ABC) 2012, divulgada dia 25 de junho deste ano, apenas 12,5% dos alunos com 11 anos que estão matriculados no 3º ano do Ensino Fundamental têm proficiência adequada em leitura. Esse percentual cresce para 50,7% quando são avaliados os alunos com 8 anos. Na avaliação do movimento Todos Pela Educação, que organiza o estudo, os dados “comprovam o estrago causado pela defasagem idade-série”.
A avaliação foi aplicada no final de 2012 e teve a participação de 54 mil alunos de 1.200 escolas públicas e privadas distribuídas em 600 municípios brasileiros. Metade da mostra é composta por alunos do 2º ano do ensino fundamental e o restante por estudantes do 3º ano. Além da proficiência em matemática, a pesquisa testou também habilidades em leitura e escrita. A Prova ABC é uma parceria do Todos Pela Educação com a Fundação Cesgranrio, o Instituto Paulo Montenegro e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
“O atraso escolar é uma característica muito forte do sistema brasileiro. Se a criança aprende, ela não vai repetir de ano. A repetência é o fracasso de um sistema que não conseguiu garantir aprendizagem para aquela criança. E pune o aluno. Se a gente entende que toda criança tem direito de aprender e que todas elas podem aprender, temos que fazer todo o esforço para que esse direito seja alcançado”, avaliou Priscila Cruz, diretora executiva do Todos Pela Educação.
A faixa etária de 8 e 9 anos, que é correspondente ao 3º ano, obteve melhores resultados nas três habilidades avaliadas na Prova ABC: leitura, matemática e escrita. Na avaliação de situações numéricas corriqueiras, 37% dos alunos com 8 anos e 36,6% dos alunos com 9 anos tiveram desempenho acima de 175 pontos, que, na escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), indica proficiência na disciplina. O percentual reduz entre os estudantes com idade entre 10 anos (18,3%) e 11 anos (12,7%).
No quesito escrita, que é avaliado com uma redação que vale entre 0 e 100, 35% dos alunos com 8 anos e 32,4% dos alunos com 9 anos tiveram proficiência acima de 75, que é a pontuação correspondente a um desempenho esperado. Apenas 6,1% dos estudantes com 11 anos tiveram a mesma pontuação. A proporção é um pouco maior entre alunos com 10 anos, alcançando 13,9%.
Além da idade, a Prova ABC incluiu, pela primeira vez, questões sobre o hábito de leitura das crianças. Verificou-se que a maioria deles declara gostar muito de ler, uma média superior a 70%, e os que gostam de ler são também os que apresentam maior média de conhecimento em matemática, leitura e escrita. Entre os que “gostam muito” de ler, 46,4% obtiveram acima de 175 pontos no quesito leitura, 32,4% na habilidade escrita e 35% na avaliação de matemática.
O Todos pela Educação monitora cinco metas relacionada à educação que foram definidas pelo movimento para serem alcançadas até 2022. A Prova ABC avalia a meta de número 2, pela qual toda criança deve estar plenamente alfabetizada até os 8 anos. De acordo com a organização, essa será a última edição da prova, pois o Ministério da Educação adotará um instrumento próprio, a Avaliação Nacional da Alfabetização (Ana), para monitorar esses resultados.
Fonte: Agência Brasil