Amamentar é uma experiência única, para algumas mulheres muito prazerosa para outras um tremendo sacrifício.
Mesmo trabalhando em maternidades e fazendo orientações sobre amamentação quase todos os dias, eu tinha muito receio sobre como seria amamentar. Acho que o fator crucial foi o apoio que tive do Marcelo, meu marido e de amigas queridas, que por coincidência também eram pediatras ou enfermeiras com excelente treinamento em assistência à amamentação… Quando o Lucas fez quatro dias de vida, eu ainda tinha pouco leite, então dei uma chegadinha na maternidade onde eu trabalhava, pra pedir uma ajuda. Cheguei meio desanimada, preocupada, lamuriosa, mas quando expus as mamas… Elas estavam enormes, cheias de leite. “Não estava assim quando saí de casa…” E sempre que precisava, minhas amigas enfermeiras Karen e Nathália estavam lá em casa. Sim, ter quem te ajude é essencial!
Sentir-se apoiada é muito bom, mas também é preciso desenvolver uma audição seletiva para todos os palpites que as pessoas adoram dar nesse período. Encontre uma amiga que já amamentou com sucesso ou algum profissional que dê assistência especializada, fale com seu pediatra, crie um vínculo, mas não fique tentando mil coisas malucas que a amiga da vizinha falou que dá certo…
Quanto aos aspectos técnicos, como se posicionar, como posicionar o bebê, a pega correta… São muitos detalhes para se prestar atenção, mas com o tempo a coisa vai ficando mais natural. Quando amamentei o Lucas, no início, precisava de um checklist: lugar confortável, apoio para os pés, apoio para as costas, almofada de amamentação, garrafinha de água para me hidratar, posição em cavaleiro, atenção para o posicionamento dos lábios, será que está tudo certo? Claro que tudo isso é importante, mas lá pela terceira semana, percebi que todas essas coisas começam a fluir naturalmente, sem muito esforço. Então, tente sobreviver às dificuldades, dúvidas e incertezas das primeiras semanas, pois a tendência é melhorar.
Mais importante do que simplesmente aprender a técnica de amamentação é descobrir qual o impacto que essa nova atividade tem no dia-a-dia da mulher-mãe. É um grande compromisso estar disponível para dar o peito sempre que o bebê sentir fome, que é a livre demanda que orientamos atualmente. Às vezes, o intervalo entre as mamadas é de 2 horas, às vezes de 3 ou 4 horas, varia bastante… Não falo isso para assustar, mas para que se saiba que nem todo bebê é um “reloginho, que mama de 3 em 3 horas”, então não adianta criar muitas expectativas com seu ” tempo livre”, pois ele não será tão livre assim… E tem também o tempo de duração da mamada, que também é variável, mas para mim era invariavelmente longo! Eu sou uma pessoa um pouco agitada, eu já nasci agitada e o cansaço me deixa mais agitada que o normal. Vinte, trinta minutos sentada, esperando o Lucas mamar era o fim!
Então, nem todo mundo acha a amamentação a atividade mais prazerosa e divertida do mundo… OK, isso não te faz uma mãe ruim… O importante é não desistir! Saber refletir sobre esses aspectos tremendamente pessoais do ato de amamentar, que sensações desperta em você, boas e não tão boas, lidar com as dificuldades com confiança e aceitar a realidade como ela é aumentam demais a chance de sucesso. Mesmo que seja difícil no começo, haja dor e lágrimas, cansaço e a sensação de “não consigo”, com o passar dos dias, tudo começa a se encaixar e dar o peito vai se tornando realmente parte do seu novo cotidiano e, de repente, adeus almofada de amamentação, adeus apoio para os pés, adeus medos e inseguranças… Restam só você e seu bebê, fazendo o que sabem fazer muito bem feito…