Escassez de lactobacilos no útero está relacionada com baixo resultado reprodutivo
- Segundo estudo, 50% das mulheres inférteis submetidas ao estudo apresentaram baixa abundância de Lactobacillus
- A taxa de implantação de embriões após tratamento de fertilização in vitro das pacientes com escassez de Lactobacilos foi de 23%, enquanto o grupo abundante em Lactobacilos atingiu 61%.
- A taxa de aborto das pacientes com baixa presença de Lactobacilos no útero foi de 60%, comparado com 16% no grupo que apresentava um perfil dominante de Lactobacilos
Estudo publicado na revista científica internacional American Journal of Obstetrics and Gynecology confirma a existência de bactérias no endométrio (tecido interno do útero) e associa a baixa presença de Lactobacilos a uma maior dificuldade de engravidar.
A publicação do artigo “Evidence that the endometrial microbiota have an effect on implantation success or failure” foi realizada por cientistas da Igenomix, empresa espanhola de biotecnologia e genética, que identificou dois perfis microbianos de útero através da técnica de sequenciamento massivo: “Dominado por lactobacilos (LD)” e “Não dominado por lactobacilos (NLD)”.
Dra. Inmaculada Moreno, autora principal da pesquisa, explica que após constatar a presença das bactérias, o segundo passo foi questionar se elas influenciavam no prognóstico de gestação das pacientes de tratamentos de reprodução humana assistida. “Para responder essa pergunta precisávamos comparar as pacientes com a flora dominada por lactobacilos com as que tinham escassez do mesmo”, conta Dra. Inmaculada.
Os resultados comparativos evidenciaram uma diferença drástica na taxa de implantação, que é a confirmação da gravidez através da fixação do embrião no útero materno. A população de Lactobacilos também mostrou relação com a incidência de abortos espontâneos.
A taxa de implantação dos embriões após tratamento de fertilização in vitro das pacientes com escassez de Lactobacilos foi de 23%, enquanto o grupo abundante em Lactobacilos atingiu 61%. Por outro lado, a taxa de aborto das pacientes com baixa presença de Lactobacilos no útero foi de 60% ao mesmo tempo que o grupo de comparação abundante nessas bactérias foi de 16%.
Ao concluir o estudo, nenhuma das pacientes com escassez de lactobacilos no endométrio deu à luz a um bebê, enquanto no grupo LD tiveram 10 nascimentos. “Estamos trabalhando intensamente nas pesquisas relacionadas ao endométrio, pois está constatado em diferentes âmbitos sua importância já que suas condições são fundamentais para o desenvolvimento de uma gestação”, explica Dra. Marcia Riboldi, diretora do laboratório Igenomix no Brasil.
“Mesmo quando o endométrio é morfologicamente normal e os embriões são saudáveis, o tratamento de Fertilização in Vitro pode fracassar. 25% das vezes isso acontece devido ao momento da transferência do embrião ao útero materno. Estudando a expressão de 238 genes conseguimos ajudar a encontrar a solução para este problema com o teste ERA. Porém, percebemos que poderiam existir mais aspectos que ajudariam a melhorar os resultados dos tratamentos de infertilidade e por isso passamos a dedicar mais tempo e recursos para entender o endométrio. Esta dedicação nos possibilitou identificar as bactérias e detectar a influência da população de Lactobacilos no prognóstico de gestação”, conclui Dra. Marcia.
As pacientes que participaram do estudo realizaram o teste ERA de receptividade endometrial, confirmando que a elevada taxa de não implantação do grupo NLD estava diretamente relacionada ao microbioma do útero.
Tratamento para o útero com escassez de lactobacilos
Conhecendo o microbioma do útero da paciente é possível tratar sua flora no caso de bactérias NLD antes da transferência embrionária, aumentando consideravelmente as chances de sucesso do tratamento.
Os resultados da pesquisa apontam a necessidade de desenvolver um teste diagnóstico como parte dos exames que analisam a fertilidade do casal. Atualmente cerca de 20% das causas de infertilidade são de origem desconhecida (ESCA – Esterilidade sem causa aparente). A estabilização da flora endometrial, desconsiderada até o momento, poderia explicar e solucionar uma parte desses casos.
Além da Igenomix, participaram da investigação científica a Universidade de Valência e as empresas Biopolis, INCLIVA e Lifesequencing (Parque Científico da Universidade de Valencia).
Sobre a Igenomix
IGENOMIX é referência mundial em biotecnologia por seus projetos de pesquisa e serviços avançados de genética reprodutiva. Possui laboratórios em São Paulo, Dubai, Deli, Los Angeles, Nova York, Miami, cidade do México e Valência.