Fono o que?
Ainda hoje, ao dizer que sou fonoaudióloga, é comum ouvir a pergunta “fono o que?”. A Fonoaudiologia, apesar do seu vasto campo de atuação, ainda é desconhecida por muitos, por isso meu primeiro artigo será dedicado à Ciência que auxilia na comunicação e funções orais e mostrar como a Fonoaudiologia pode ajudá-los.
Para isso, organizei o texto tendo a idade como referência, apresentando em linhas gerais, nossa atuação nas diferentes fases da vida.
Recém-nascido
Em casos de nascimento pré-maturo ou com intercorrências diversas, o bebê pode não apresentar os reflexos de sucção e deglutição “prontos” para conseguir mamar ao peito. A estimulação destes reflexos para que sejam normalizados de forma segura é de responsabilidade do fonoaudiólogo. Crianças que nascem com alguma malformação craniofacial (como a fissura labiopalatina) muitas vezes também necessitam de intervenção fonoaudiológica para uma efetiva adaptação da amamentação ao peito ou em mamadeira.
O fonoaudiólogo, ainda na maternidade, realiza também a avaliação da audição, por meio do “teste da orelhinha”, permitindo o diagnóstico e intervenção precoce da deficiência auditiva.
Crianças
Aproximadamente 3 a 15% das crianças apresentam algum tipo de distúrbio da linguagem (Caputte 1991). Dos desvios mais graves, comuns ao espectro do autismo, ao atraso do desenvolvimento da linguagem (quando a criança demora para falar as primeiras palavras ou fala com muitas trocas), o tratamento fonoaudiológico é indicado.
A linguagem escrita também deve ser acompanhada, pois variações em seu desenvolvimento, como casos de dislexia e disortografia, quando tratados precocemente, muitas vezes em conjunto com a Psicopedagogia, têm grande evolução.
Atenção especial para a criança que fala corretamente, mas tem dificuldade em compreender o que lhe é dito. Na alteração do Processamento Auditivo Central (o comum “ ouvi, mas não entendi”), o diagnóstico e tratamento também é de responsabilidade do fonoaudiólogo. A adaptação e reabilitação auditiva, quando a criança utiliza aparelho auditivo também pode promover um grande avanço no desenvolvimento das linguagens oral e escrita.
Sabe aquela criança que sempre foi rouquinha, ou que de um tempo para cá fica rouca com facilidade, pois bem, questões relacionadas à voz, como disfonia infantil, muitas vezes também requer tratamento fonoaudiológico. Crianças que têm hábitos de abuso vocal (gritar, chorar gritando, etc) tem maior risco de desenvolver nódulos nas pregas vocais, causando rouquidão e, se não tratados, podem levar à danos irreversíveis ou que necessitem tratamento cirúrgico.
Outra parceria que o fonoaudiólogo exerce é em casos de tratamento ortodôntico ou de ortopedia facial. Cada vez mais cedo é possível iniciar o tratamento com o ortodontista para a adequação da oclusão dentária, muitas vezes mantida devido à postura de língua e lábios inadequada. A correção ortodôntica é possível desde que haja a reeducação da postura destes órgãos, promovida pelo fonoaudiólogo. Quando nosso tratamento não é realizado, ou é interrompido precocemente, é comum observamos a recidiva da maloclusão.
Adultos e idosos
A Fonoaudiologia atua também com o aprimoramento da voz e da fala junto aos profissionais que a tem como instrumento de trabalho (jornalistas, cantores, atores, professores, etc), garantindo seu uso de forma correta, prevenindo danos futuros.
Casos relacionados à dores faciais decorrentes de postura inadequada ou tensão excessiva em região da articulação temporomandibular (ATM), bem como pré e pós cirurgias faciais como a ortognática, têm na Fonoaudiologia os ajustes da musculatura envolvida, garantindo o reequilíbrio destas estruturas.
Também, além do acompanhamento auditivo (popularmente mais relacionados ao fonoaudiólogo), tem-se a possibilidade de reabilitação da linguagem e funções orais após traumatismo craniano, acidente vascular cerebral (o popular “derrame”) ou em casos de doenças neurodegenerativa como Parkinson, Alzheimer, Esclerose Lateral Amiotrófica, dentre outros.
A extensão do texto é para expandir o conhecimento sobre o vasto campo de atuação da Fonoaudiologia e, assim, possibilitar já em nosso primeiro contato, que papais e mamães tragam suas dúvidas sobre estes e outros temas de minha atuação.
Assim, abrimos oficialmente nosso canal de comunicação!
Até o próximo artigo!
Abraços,
Tenho uma dúvida e gostaria de obter uma resposta com relação a adultos que pronunciam “bicicreta”, “exempro”, “pranejamento”, “Frávio”… A dúvida é que a pessoa escreve certo, pronuncia errado e tem consciência que a pronúncia está errada, porém a língua não consegue falar essas sílabas. O que fazer? O fonoaudiólogo atua nessa área também?