Após as festas de final de ano, quem tem criança em casa deve ter renovado o estoque de brinquedos com os presentes recebidos. É muito comum que estes brinquedos tenham música, ou ruídos específicos que são apresentados nas informações técnicas como estimuladores auditivos.
Podemos observar que a maioria das crianças tem pelo menos um brinquedo sonoro e devemos estar atentos ao volume sonoro destes brinquedos, pois independente de ser música ou barulhinhos agradáveis, se o nível de pressão sonora (volume) estiver fora do limite máximo permitido, a brincadeira pode levar a graves e irreversíveis problemas auditivos.
Abordamos no artigo Como evitar a otite média durante a amamentação de seu filho como é a anatomia do ouvido. Com estes conceitos, é fácil entendermos por que um barulho muito alto pode prejudicar a audição. De modo geral, quando o ouvido é exposto à limiares acima de 85 decibel por um período longo está sujeito à ter como consequência, alterações das células que compõem o ouvido interno.
Avaliação do Inmetro
Todos os brinquedos comercializados no Brasil devem ter o selo do Inmetro, certificando que o produto passou nos testes (dentre eles a verificação do nível de ruído). Para tal, segue-se os limites estabelecidos pela legislação (baseada na norma brasileira NBR 11786/92), que determina que o ruído gerado por qualquer brinquedo não deve ser maior que 85 decibel. Entretanto, ainda é muito comum encontrarmos em mercados populares diversos brinquedos sem o selo do Inmetro, um risco anunciado à saúde da criança.
Níveis máximos
Quanto maior a intensidade do barulho, menor deve ser o tempo de exposição ao mesmo. Por exemplo, o som gerado por um tambor ou trenzinho de brinquedo é de aproximadamente 90 a 100dB, um carrinho de polícia que não passou tem o selo do Inmetro pode gerar até 120 decibel de ruído (uma motosserra gera 100 dB e uma britadeira 110 dB). Desta forma, o tempo de exposição seguro ao adulto não passaria de 2 horas.
Estes valores de referência são os mesmos utilizados para a proteção do trabalhador em indústrias. Para as crianças não há parâmetros para medir o tempo de exposição a que elas estão suscetíveis, pois a sua vida auditiva ainda está em processo de maturação e é diferente do adulto.
Na figura abaixo, ilustramos os sons familiares aos nossos ouvidos. A mancha cinza escura sob diferentes letras e símbolos indica a faixa dos sons da fala, que abrange aproximadamente de 0 a 50 dB. Um piano tocando tem um volume aproximado de 80dB e um caminhão produz um ruído com som grave de cerca e 110dB. As indicações nas laterais são os níveis da audição, constatados a partir de exames audiológicos.
Dicas:
Mas então, como podemos ficar tranquilos com as crianças usando estes brinquedos?
Seguem algumas dicas que podemos usá-las, garantindo a saúde auditiva e a alegria da criançada:
- Jamais dê à criança brinquedos sonoros que não tenham o selo do Inmetro.
- Evite que o brinquedo fique muito próximo do ouvido. Quanto mais próximo, maior será a intensidade do som enviado ao ouvido.
- Caso o brinquedo tenha controle de volume, prefira que os níveis de som não ultrapassem a intensidade moderada.
- Mesmo que ainda não tenham os valores indicativos do tempo máximo de exposição da criança a sons em intensidade forte, tente não ultrapassar 30 minutos de uso contínuo do mesmo.
- Como tudo na criança, os cuidados auditivos são hábitos herdados dos pais e cuidadores, então, seja consciente e dê exemplo. Evite música excessivamente alta em fone de ouvido, no carro ou ambiente aberto. Como sinal de alerta quanto ao excesso da intensidade do volume, podemos ter a seguinte observação: se a outra pessoa tiver que falar mais alto para que você a compreenda, abaixe o volume porque certamente já está colocando sua audição em risco.
- Aos adolescentes amantes da música no fone de ouvido, os mesmos cuidados são válidos para preservar sua saúde auditiva e assim, evitar que tão cedo sejam cuidados maiores, como o uso de aparelho auditivo, por exemplo.
Qualquer sinal que gere dúvida quanto à audição da criança, procure um médico otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo para a realização de avaliações específicas.
Um abraço,