Vivemos preocupados com a saúde e o bem-estar dos nossos filhos (ainda bem, senão minha profissão de pediatra não existiria…). Todos os dias recebo no consultório pais ansiosos: “O crescimento está normal?” ou “Ele é muito agitado, será que tem algum problema?” ou ainda “Ela não come frutas nem legumes, será que não precisa de reposição de vitaminas?”. Bem, essas coisas são realmente muito importantes, mas acredito que exista um problema maior, que geralmente está na origem desses outros problemas e que nunca nenhum pai ou mãe me perguntou: “Será que dou atenção suficiente para meu filho?“.
Costumamos nos queixar do quanto estamos cansados, do trabalho que as crianças dão no dia-a-dia, da agitação e da desobediência, das birras e malcriações… Mas você já se deu conta do quanto do seu tempo você dedicou ao seu filho? Quero dizer: que você realmente dedicou ao seu filho, sentou junto com ele no chão, sem pressa, prestou atenção no que ele estava fazendo, brincou junto, olhou dentro dos olhinhos dele e disse “Eu te amo!”.
O ritmo de vida é alucinante, nossas atribuições vão se multiplicando, os dias parecem cada vez mais curtos… E nossos filhos ficam perdidos no meio da nossa correria…
E a culpa nos persegue, implacável… Você está trabalhando e pensando que gostaria de ter mais tempo para dar atenção ao seu filho. Daí, você chega em casa e não consegue dar atenção à criança porque sua cabeça está cheia de coisas do trabalho…
Não há solução simples e fácil, mas quem tem a capacidade de modificar sua rotina é o adulto, adaptar-se às necessidades da criança e não ficar lutando para que a criança mergulhe no seu ritmo. Eu sei que algumas coisas são praticamente impossíveis de mudar e talvez não seja possível alterar seus horários de trabalho nem o tanto de e-mails que você tem pra responder ou o tanto de roupas que você tem para passar, mas você pode começar reservando 30 segundos do seu dia para abraçar seu filho, sem pressa, sem cobranças… É preciso nutrir também o afeto!
Você vai perceber que não está apenas abraçando, mas está também sendo abraçado… E tantas coisas podem ser ditas no silêncio de um abraço apertado… E tantas feridas podem ser curadas no calor de um abraço carinhoso… E essa pode ser a passagem para deixar de lado as preocupações do trabalho e da vida corrida e mergulhar no universo da vida do seu filho.