A chegada de um bebê na família é sempre motivo de muitas alegrias. Um sorriso, o balbucio, as primeiras palavras com significado, todo o seu desenvolvimento diário é fonte de alegria sem fim. Cada uma destas conquistas é um indicador de como está ocorrendo o desenvolvimento da fala e da linguagem desta criança. Quando algo sai do padrão esperado, devemos procurar uma avaliação especializada.
Mas o que é linguagem?
A linguagem é a capacidade de produzir e compreender os conceitos usados na comunicação. Por exemplo, ao ver a fotografia de um cachorro, graças às habilidades da linguagem a criança que já tenha tido uma experiência prévia com um cãozinho terá o acesso à memória desta vivência, assim como de outras informações que foram armazenadas a partir da mesma, como “é um bichinho”, faz “au au”, e tantas outras mais.
Sabendo o que é linguagem, o próximo passo é conhecermos os indicativos de normalidade. Então, apresento os principais sinais a serem observados, de acordo com a idade da criança, lembrando que estas idades são referencias que podem ter pequenas variações.
Etapas do desenvolvimento da fala e da linguagem do bebê até 6 anos de idade
Até o 4o mês:
A partir da terceira semana, o choro do bebê começa a se diferenciar de acordo com suas necessidades (fome, dor, sono, etc).
Ao passar dos meses, observamos que a criança começa a interagir mais, prestando atenção aos sons, acalmando-se ao ouvir voz da mãe, sorrindo ao interagir com outras crianças ou adultos.
Dos 2 aos 4 meses durante o momentos de interação com o papai e a mamãe a criança responde à este momento de diálogo emitindo vocalizações, como “Aaaahhh”.
Do 4o ao 6o mês:
A partir do 4o mês de vida, observamos o balbucio, que nada mais é do que o brincar da criança com a voz, dando entonações e intensidades variadas às vocalizações já produzidas.
Do 6o mês ao 1o ano:
Em uma evolução, o brincar com a voz passa a ter a movimentação constate dos órgãos responsáveis pela produção das consoantes (lábios, língua e palato). O bebê começa a produzir não só vogais, mas também algumas sequências de consoantes e vogais (ainda sem o significado) como “angu” e “mamamama”.
Quanto à compreensão, podemos observar que a criança já responde quando é chamada pelo nome, sabe o significado de expressões simples como “não”, “tchau”, “dá”, “vem”, até ordens curtas, como “me dá a bola”.
De 1 a 2 anos:
Completando o primeiro ano de vida, surgem as primeiras palavras com significado. Geralmente são “mamãe” ou “papai” tanto pelo peso desta informação na vida do bebê quanto pelo falo de ambas serem formadas por consoantes cujos sons (fonemas) são de fácil produção.
Nesta idade a criança encontra-se em fase de aquisição de vocabulário, sendo mais acentuada a partir dos 18 meses. É a fase “esponjinha”, em que muito do que ouve ela aprende a falar. Ela já compreende o significado de diversos nomes (de pessoas, objetos e verbos) e consegue manter pequenos diálogos.
Vale lembrar que nesta fase de aquisição é comum que a criança fale as palavras erradas, pois ela ainda não aprendeu todos os sons das consoantes. Assim, neste período devemos nos atentar ao número de palavras que ela sabe, não tanto ao como ela fala.
Dos 2 aos 3 anos:
Neste período ocorre um importante aumento do vocabulário. Com cerca de 200a 400 palavras, a criança começa a se expressar a partir de frases com 3 a 4 palavras. Por exemplo: “qué comer não” ou “brincá bola vamu?”.
Já consegue contar pequenas histórias, com a ajuda de um adulto, bem como representar suas atividades diárias em brincadeiras com bonecos e de “casinha”.
Dos 3 aos 4 anos:
Seu vocabulário está ainda maior (com até 600 palavras). Assim, já é possível observamos o uso de preposições (ex. em cima, com e atrás), plural, sentimentos e frases longas (até 6 palavras) no presente, passado e futuro. Mantém um diálogo sem dificuldades, e as histórias que conta têm mais detalhes. Apesar de ter ainda algumas trocas de letras, sua fala é facilmente compreendida.
Dos 4 aos 5 anos:
Já conta histórias sem a ajuda do adulto ou de figuras. Usa com facilidade frases maiores, com adequada noção de tempo e condições (“eu só vou brincar se for de carrinho”). Ainda apresenta dificuldade na flexão verbal em alguns momentos, mas é facilmente compreendida pois fala praticamente todos os fonemas.
Abaixo, uma referência do que esperar quanto à produção dos fonemas, de acordo com a idade, segundo Wertzner, 2000.
IDADE | FONEMAS referente às letras |
---|---|
3 anos | p, t, k, b, d, g,
f, s, x, v, z, j, l, r (arara) m, n, nh |
4 anos | lh, s (ao final da sílaba ex, pasta, festa) |
4 – 5 anos | r em encontro consonantal (ex. Prego, frio) |
4 – 6,6 anos | l em encontro consonantal (ex. planta, clube) |
5,6 anos | R (ao final da sílaba ex, carta, perto) |
Esta tabela deve ser consultada como uma referência, não uma regra. Casos que se distanciem das idades apresentadas devem procurar uma avaliação fonoaudiológica completa, pois diversos fatores podem levar a um atraso na aquisição dos sons da fala. Pequenos ajustes na rotina e no brincar da criança podem promover importante avanço no desenvolvimento da linguagem.
Mas este será o tema do nosso próximo artigo, combinado!?
Abraços,