Meu filho não gosta de comer, o que faço?

Umas das preocupações mais comuns nos consultórios de pediatria pode ser resumida em apenas uma pergunta: Meu filho não gosta de comer, o que faço?

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Imagem: Reprodução Huffington Post

Apesar da pergunta, algumas questões precisam ser avaliadas para que o melhor seja feito em prol da criança. O primeiro passo, é claro, é tirar todas as dúvidas com o pediatra, ele poderá avaliar como está a curva de crescimento do seu filho, assim como entender se o que ele apresenta é uma questão comportamental ou orgânica.

Falta de apetite por razão orgânica

A falta de apetite infantil por razão orgânica acontece em função de alguma doença ou mesmo falta de nutrientes. A solução para este caso é sempre o acompanhamento médico e, se necessário, de um nutricionista. Suplementos alimentares podem ser necessários durante o tratamento até que a criança recupere a saúde e o apetite volte.

Lembre-se, somente ofereça suplementos se foram e que foram receitados pelo pediatra!

Para os demais casos, em que a razão orgânica está descartada, consideramos que a criança não gosta de comer por razões comportamentais.

Crianças com mais de 2 anos sentem menos fome naturalmente

Nos dois primeiros anos de vida a criança sente muita fome, afinal ela cresce e ganha peso em uma velocidade muito maior do que após os 2 anos. Somente este fato faz com que a comida seja tão atraente e o apetite voraz nos primeiros aninhos do bebê, e por volta dos dois aos 3 anos até mesmo o brincar fica mais interessante do que sentar-se a mesa para se alimentar.

Porém é importante que você promova uma relação saudável entre a comida e seu filho, ou seja, transformar os horários de alimentação em momentos mais tranquilos – evitando aquelas birras e chororôs que seu filho pode promover para chamar sua atenção na hora do almoço – e oferecendo alimentos saudáveis.

Eu sei que a teoria é fácil, mas na prática nem tudo funciona, por isso preparei uma lista de dicas que podem ajudar você a passar por essa fase:

Meu filho não gosta de comer, o que faço?

1- Segure suas próprias emoções

A alimentação saudável dos filhos é e sempre será uma preocupação na vida de 10 em cada 10 mães, porém quando deixamos transparecer toda essa preocupação as crianças acabam sem saber como lidar com tanta responsabilidade em nos satisfazer.

Por outro lado, outras crianças podem usar essa sua preocupação para ganhar mais ainda sua atenção.

De uma forma ou de outra, deixar nossa preocupação aparente nunca será benéfica para nós ou para nossos filhos. Então tente agir com indiferença, porém é importante que você aplique outras estratégias junto com esta para obter sucesso. Continue lendo abaixo.

2- Nada de lanchinhos entre as refeições

Após o café da manhã não ofereça nem uma uvinha. O estômago das crianças é pequeno e até uma única uvinha indefesa pode ser suficiente para comprometer o apetite.

Se seu filho não quis almoçar, não demonstre frustração, apenas explique que irá guardar o almoço dele para que ele possa comer mais tarde. Na hora que ele reclamar que está com fome ou quando for a hora do lanchinho da tarde, ofereça o almoço novamente.

3- O que fazer quando seu filho disser que não gosta daquela comida

Quantas vezes você já ouviu “Mas eu não gosto disto” durante as refeições? Expor suas vontades é uma das necessidades da criança, que já se enxerga como indivíduo.

Seu filho expor que não gosta não é nenhum problema e pode ser tornar uma oportunidade para que ele experimente quando você devolve a situação para ele com a seguinte pergunta: O que você acha que podemos fazer para deixar essa comida bem gostosa?

Claro que muitas sugestões absurdas podem aparecer no caminho, como por exemplo colocar sal, açúcar e chocolate no bife.

Neste caso minha sugestão é que você coordene essas sugestões e mude alguma coisa ali mesmo, por exemplo, colocando o bife na frigideira por mais alguns segundos propondo que a solução seria deixar a carne grelhar um pouco mais.

Valorize as ideias da criança e dê a ela o crédito pela descoberta da melhora do alimento. Essa interação deixa a criança mais confiante, disposta a participar dos preparos dos alimentos e, consequentemente, desperta o interesse em experimentar.

4- Coloque pouca comida no prato

Parece bobeira, mas é desanimador para a criança olhar seu prato cheio de comida. Ela já senta à mesa com sensação de que não consegue comer tudo. Então coloque uma porção pequena de alimento e, ao acabar, ofereça mais.

5- Varie os alimentos

Eu sei que nessa vida corrida fica difícil variar sempre os alimentos, mas essa atitude é muito importante para estimular uma alimentação saudável e variada para os pequenos.

Então, não repita o cardápio do almoço no jantar e tente sempre trocar as misturas, verduras e legumes.

6- Evite líquidos durante as refeições

O estômago das crianças é muito pequeno e líquidos podem dar sensação de saciedade, não deixando espaço para alimentos.

Se a sede for muita, ofereça um ou dois dedinhos de água.

7- Façam as refeições juntos

Família unida em volta da mesa é importante há várias gerações e um hábito muito saudável, além de ser uma oportunidade para colocar o papo em dia, saber mais sobre a rotina das crianças e dos adultos.

Observar os adultos comerem faz com que as crianças também queiram manter esse hábito, experimentando alimentos e compartilhando os gostos.

8- Proporcione um ambiente tranquilo

É impossível manter a atenção na mesa quando o irmão está assistindo TV, ouvindo música alta, ou mesmo com um brinquedo ao lado do prato.

Nas horas de refeições promova um ambiente mais tranquilo, sem televisores e, se preferir, apenas com uma música calma e baixa.

Também é hora de conversas que trazem bem-estar, então nada de chamar a atenção, brigar ou mesmo relembrar de fatos tristes. Se for necessário chamar a atenção seja direta, mas sem perder o bom-humor, diga que irá conversar melhor após a refeição.

9- Deixe a criança brincar com o alimento

Sei que parece falta de educação, mas crianças que brincam com o alimento também estão explorando texturas, formas e cores. Por sinal a brincadeira pode se tornar sua maior aliada para oferecer novos alimentos.

Para a brincadeira ser saudável, não esqueça de higienizar bem as mãos antes das refeições.

10- Se o seu filho não quer experimentar, estimule-o a brincar com o alimento

Continuando a dica anterior, utilize a brincadeira como sua aliada sempre que seu filho não quiser experimentar algum alimento.

Sugira que ele toque o alimento e peça para ele descrever como é (formas, cores, se é duro, mole, crocante…) e como ele acha que deve ser o gosto.

Se o alimento cisma em não ir para a boca, ao colocar o dedo na boca a criança começa a sentir o sabor e a se familiarizar com o alimento.

11- Nunca force a comer

Eu sei que você quer sempre o melhor para seu filho e ao pedir para ele comer você está querendo garantir sua boa nutrição. Porém ao forçar que ele experimente ou mesmo que coma tudo, as refeições começam a se tornar sinônimo de sofrimento, brigas e coisas ruins.

Você precisa mostrar que se alimentar é uma delícia, que explorar sabores é divertido e que comemos não só para ficarmos fortes, mas também porque é muito gostoso. Mostrar pessoas que vocês não conhecem se divertindo em volta de uma mesa num restaurante é uma forma de seu filho observar que se alimentar é divertido.

12- Observe o que seu filho realmente não gosta de comer e não force

Alguns alimentos podem não ser atraentes para seu filho por diversas razões que vão desde o aspecto, passando pelo cheiro, sabor ou até mesmo uma lembrança de ter comido quando estava doente ou se sentindo mal. Nós mesmas desenvolvemos algumas repulsas temporárias (muitas vezes duradouras) por alguns alimentos quando temos uma intoxicação alimentar.

Se o seu filho demonstra repulsa por algum alimento específico, mesmo já tendo experimentando de formas diferentes (por exemplo: cru, cozido, assado…) a dica é respeitar e não forçar.

Colocar sempre esse alimento no prato da criança poderá fazê-la rejeitar toda a refeição.

13- Comida que engorda X comida saudável

O culto ao corpo, cada vez mais presente na vida não só dos adultos, mas também das crianças, acaba trazendo para nosso vocabulário diário algumas expressões que não são nada boas para nossos filhos.

Uma dessas expressões é nomear algumas comidas como “comida que engorda”, enquanto outras são chamadas de “comida saudável”.

A dica que eu tenho para você é que não utilize a expressão “comida que engorda”, especialmente perto ou para as crianças, afinal não queremos criar filhos neuróticos com a balança, certo?

Troque a expressão por “comida que não é saudável” ou “comida que não faz bem”.

14- Enriqueça os pratos que seu filho já gosta

Se o seu filho já gosta de feijão, por exemplo, você pode acrescentar beterraba. No arroz pode colocar couve picadinha, espinafre, brócolis ou mesmo cenoura e oferecer esse arroz colorido que é mais rico do que o comum.

Outras opções mais saudáveis e que podem ser trocadas aos poucos são:

  • macarrão comum por integral;
  • arroz branco por integral;
  • frituras por grelhados ou assados;
  • sal por temperos caseiros (cebola, alho…);
  • margarina por manteiga;
  • queijo amarelo por queijo branco
  • pão branco por pão integral ou tapioca;
  • açúcar branco por açúcar demerara ou mascavo (mel somente para crianças acima de 2 anos);
  • sucos de caixinha por água, água de coco natural e sucos naturais
    ** para quem precisa de praticidade vale ler as embalagens: existem algumas opções no mercado que são 100% naturais, sem conservantes, corantes ou açúcares)

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