Semana passada estava na livraria e achei um livro lindo de poesia para crianças, com ilustrações tão bonitas… Eu adoro livros, meus pais adoram livros, é óbvio que meu filho iria adorar livros. Eu já estou montando a biblioteca dele… Entreguei o presente para ele cheia de animação, abrimos o embrulho e comecei a folhear o livro… e ele começou a chorar, dizendo “não, não” e tentando colocar o livro de volta na embalagem… O que ele queria mesmo era pular no sofá!
Esse pequeno acontecimento me fez pensar nas expectativas que criamos para nossos filho. É impossível não fazê-lo. Você descobre que está grávida e já pensa: “será que é menino ou menina?”. O bebê nasce e todo mundo quer saber: “qual vai ser a cor definitiva dos olhos?”. A criança entra na escola e já perguntam: “o que você vai ser quando crescer?”. Às vezes me pego “viajando” e imaginando o Lucas adolescente, jovem, universitário, adulto, profissional, pai…
Acredito que todos queremos o melhor para os nossos filhos, que eles sejam felizes, realizados, tenham um bom desempenho escolar, façam faculdade, sejam adultos equilibrados, seguros, em boa situação financeira, satisfeitos profissionalmente, tenham uma boa família, viagem, conheçam o mundo… Ufa! Quantos de nós consegue ser um pouco do que esperamos que nossos filhos sejam?
Cada criança é única, já tem um certo temperamento desde os primeiros meses de vida e vai se desenvolvendo em seu ritmo próprio, descobrindo aptidões e preferências. O papel dos pais e cuidadores é essencial, nutrindo a criança de amor para que ela possa trilhar seu caminho, provendo segurança para que ela possa explorar e ser independente, apresentando coisas novas e estimulando a experimentação com prazer, compreendendo seus medos e limitações.
Bom, meu filho não gostou muito do livro de poesia, mas tudo bem, o livro está lá, guardado na estante, à disposição para quando e se um dia ele quiser. E eu também estou à disposição, para ler livros, pular no sofá, passear no parque, assistir desenhos e o que mais ele quiser…
Existe sempre a preocupação de que a criança “seja alguém na vida”. E se começássemos a nos esforçar para ajudá-la a ser quem ela realmente é?