Ah, o silêncio…

No feriado da Páscoa, recebemos a visita do meu sogro e da minha sogra. No sábado, eles levaram o Lucas ao parque próximo à nossa casa, passaram a tarde toda lá, brincando; meu marido estava de plantão. A casa estava arrumada, a louça do almoço já lavada, brinquedos guardados, já tinha estudado o que precisava estudar… Ou seja: comecei a perceber a estranha sensação de não ter nada pra fazer… E o silêncio… Há, o silêncio… Quase ensurdecedor…

Quando o silêncio externo se instala, o som dos nossos próprios pensamentos cresce. ” Será que está tudo bem lá no parquinho?”, “Acho que vou organizar o guarda-roupa”, “Macarrão no jantar?” No meio de tantas coisas sem importância imediata para pensar, decidi fazer algo inédito: nada. Deitei no sofá, fiquei olhando o céu pela janela, sentindo o calor do sol, deixando as preocupações para depois.
o silêncioPreocupações sempre vão existir, serviços domésticos também. Mas uma tarde inteira de silêncio e até uma deliciosa soneca no sofá não têm preço. É preciso se dar ao luxo de descansar de vez em quando… Sem cobranças, sem neuras…

Sou totalmente contra a terceirização das crianças, mas liberar algumas tardes com os avós não mata ninguém…

Após a maternidade, parece que a vida só gira em torno da criança. Você meio que deixa de ser você e vira “mãe do …”. E é verdade, os primeiros meses são assim mesmo. Conforme o tempo passa, percebemos que os filhos são sim parte fundamental da nossa vida, mas que precisamos redescobrir alguns aspectos da nossa vida. Digo redescobrir porque agora somos esposa-mãe, profissional-mãe, do lar-mãe, pessoa que precisa descansar-mãe… São partes de um grande quebra-cabeça que vão se encaixando.

Sentir prazer e satisfação em coisas que não envolvam a participação da criança podem gerar um certo sentimento de culpa no início, mas não se deixe dominar por esse sentimento. Um pouquinho de distanciamento podem ser benéficos para ambos, mãe e criança.

Sejamos mães realizadas, plenas, mas sem deixarmos de ser também mulheres plenas. Que saibamos nos dedicar aos nossos filhos, mas também saibamos nos dedicar ao nosso próprio crescimento pessoal. E que saibamos aproveitar os momentos de silêncio…

Sobre Dra. Patricia Carrenho Ruiz

Patricia Carrenho Ruiz, médica pediatra e neonatologista. CRM 113719. Mãe do Lucas, nascido em janeiro de 2012, atualmente, se dedica a ser uma boa mãe pediatra e também uma boa pediatra mãe, refletindo sobre aspectos técnicos, mas também humanísticos dos cuidados com as crianças. Consultório em São José dos Campos. Contato (12) 3922-0331

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