Quantas vezes alguém nos abordou para saber o que achamos de um determinado assunto ou nos pediu uma opinião, e assim que respondemos o que pensamos, principalmente se nossa opinião foi contrária às ideias do interlocutor, nos sentimos como se tivéssemos acabado de mexer num vespeiro?
Mesmo quando somos convidados a opinar ou quando discordar deveria ser saudável, natural e construtivo, é comum notarmos uma resistência irracional do outro lado, uma reação quase inexplicável que é capaz de anular qualquer possibilidade de entendimento mútuo e destruir uma relação. A reação mais fácil muitas vezes é desistir daquela pessoa tão cabeça dura, não é mesmo?
Mas de onde vem essa resistência à opinião alheia no ser humano? Gostaria de te convidar a se perguntar, o que nos leva a não dar ouvidos aos outros, a nos agarrar às nossas convicções como se elas fossem uma questão de sobrevivência e a pensar porque vemos qualquer opinião contrária à nossa como uma ameaça.
Ora, somos agraciados ou desenvolvemos muitos dons e certamente a capacidade de nos comunicarmos é um dos “dons” mais complexos que usamos todos os dias, porque ela envolve não só a fala, mas também o gesto, a expressão facial, corporal e a emoção. Mas dentro desse universo, a fala representa apenas 7% da comunicação e no entanto damos muita importância a ela, esquecendo de todo o resto. Só de pensar nisso, imagine o quanto nos escapa, o quanto de nossa comunicação não é percebida, não é controlada, é impensada, sai sem querer!
Agora imagine o contrário: Quando alguém fala com a gente, imagine o quanto do que essa pessoa está dizendo é realmente o que ela queria dizer, saiu da forma que ela pretendia se comunicar? Muito pouco não é mesmo? Sabe aquela sensação de que a gente não conseguiu se expressar por palavras em momentos de forte emoção, de dúvida, de desespero, de alegria, de insegurança, de raiva ou até mesmo de amor? Pois é, se você conseguiu perceber a dimensão do que perdemos entre o que pensamos e o que de fato nos chega à fala, já deu o primeiro passo para tornar sua comunicação mais consciente. Agora é preciso ir um pouco mais além! É preciso falar de “Empatia” e da importância dela na melhoria da Comunicação e das Relações Humanas.
Costumo dizer que a Comunicação que surgiu para nos aproximar, também curiosamente pode nos afastar, nos isolar, nos autoenganar e estagnar, se não estivermos dispostos a abrir mãos de nossas verdades. A comunicação pode ser o maior “tiro pela culatra” na vida de uma pessoa, se ela não estiver disposta a fazer simples perguntas durante uma conversa ou discussão: E se eu estiver errado? E se você tiver razão? E se houver uma outra alternativa? O que me faz pensar assim e dizer o que estou afirmando com tanta convicção? Por que não posso abrir mão de certos conceitos ou preconceitos?
Colocar-se no lugar do outro e ter curiosidade pelos sentimentos do próximo, perguntar-se sobre o que está por traz daquela opinião ou daquelas palavras de defesa e ataque durante um diálogo, se chama empatia. É a empatia que nos fará entender as razões, nos permitirá fazer perguntas, ouvir os argumentos e as motivações dos que nos cercam. Se não exercitarmos essa empatia, vamos viver apenas nos comunicando com nosso próprio mundo particular, com nossa própria história e universo e não com o universo do próximo. Quando não se estabelece uma empatia, não vai ocorrer a troca necessária e justa que caracteriza a comunicação e seremos apenas meros emissores ou receptores de mensagens truncadas e desentendimentos.
Seja em casa com nossos familiares, no amor, no trabalho com nossos colegas e chefes ou entre nossos amigos, quando nos colocamos no lugar do outro, abrindo mão de nossos paradigmas e pré-julgamentos, estamos prontos para realmente fazer da comunicação, não uma pedra de tropeço, mas uma ponte onde a conexão será estabelecida e as coisas fluirão melhor. Ora, todos nós, afinal, temos nossas razões, temos nossos motivos, você não precisa concordar com a opinião do outro, nem virar saco de pancadas, mas é essencial, para o seu desenvolvimento como ser humano que você esteja disposto a pelo menos entender às motivações alheias.
Observando a maneira como as pessoas ultimamente estão se digladiando por qualquer motivo, gostaria de convidar você, leitor, a ter mais curiosidade pelo próximo. Tente se interessar mais pelo o que o outro está vivendo, pelo que o outro deseja, anseia e necessita. Julgue menos! Em meu mais recente livro, Perdão – A Revolução que Falta, passo o ensinamento de que Perdão é uma questão de inteligência, não de “bondade”. O que penso sobre o Perdão, creio que talvez se aplique à curiosidade: Perguntar ou Perguntar-se é uma questão de inteligência.
Você também vai gostar de ler:
Autoliderança – O primeiro passo do Líder
Perdoar não é nada disso – por Heloisa Capelas
E você, sabe o que é Empoderamento Feminino?