Três pesquisas do Instituto Valenciano de Infertilidade para melhorar o tratamento da infertilidade masculina

Foi apresentado na semana passada 3 estudos do grupo IVI no congresso mais importante de reprodução humana no mundo (Congresso ESHRE) realizado anualmente na Europa, e que nesta edição aconteceu em Genebra, na Suiça.

Apesar de 4 de cada 10 casos de infertilidade do casal são atribuídos a fatores masculinos, o que é a mesma porcentagem que se atribui a fatores femininos. Portanto, os avanços na seleção de espermatozoides são de grande importância para melhorar os resultados dos tratamentos de fertilidade.

O diagnóstico e tratamento da infertilidade masculina tem sido historicamente menos estudado que o diagnóstico e tratamento da mulher, mas conforme a pesquisa apresentada por especialistas do grupo que estou orgulhosa de fazer parte, existem atualmente alguns exames simples, que nem sempre são realizados que poderiam aumentar a precisão do diagnóstico, e portanto, melhorar os resultados dos tratamentos.

Tudo começa pelo espermograma

Na avaliação da fertilidade do casal realizada nos homens, o espermograma é o exame básico que todo especialista solicita. Este exame, realizado a partir de uma amostra ejaculada, estuda a mobilidade, aspecto morfológico e nível de concentração dos espermatozoides. No entanto, o espermograma não considera os aspectos genéticos (cromossômicos), nem a quantidade de material genético dos espermatozoides,

Apesar do espermograma incluir variantes de normalidade, algumas alterações cromossômicas não identificadas no exame são a causa de uma qualidade mais baixa do sêmen, que consequentemente afeta os resultados de gravidez conforme a pesquisa realizada por nossa colega de trabalho na Espanha, a Dra Cristina González, coordenadora dos laboratorios de Andrologia do grupo IVI.

Além do espermograma, o que deve ser solicitado para avaliar a fertilidade masculina:

– Cariótipo

Para considerar a saúde genética, é preciso realizar o exame de cariótipo, que é uma “fotografia” dos cromossomos das células contidas no sangue. Este exame também deve ser realizado pela mulher. O cariótipo identifica fatores de infertilidade imperceptíveis pelos exames morfológicos básicos realizados no casal.

– Fragmentação de DNA espermático

Com a mesma amostra coletada para o espermograma, é possível realizar o estudo do DNA espermático, este exame utiliza uma técnica que consiste em projetar uma luz laser nas células para analisar diferentes características celulares. Este teste identifica a eventual existência de anomalias no DNA dos espermatozoides, o que influencia na qualidade do futuro embrião gerado a partir da fecundação do óvulo, conforme indica a pesquisa do Dr Alberto Pacheco, diretor do laboratório de andrologia do IVI Madri, apresentada no congresso.

– Biópsia testicular em casos mais graves

O estudo coordenado pelo diretor da Fundação IVI, Dr Nicolás Garrido, identificou que a biópsia testicular pode ser uma alternativa para melhorar os resultados de gravidez nos casos de rupturas e lesões no material genético dos espermatozoides, algo também conhecido como a fragmentação do DNA.

O estudo realizado identificou que a fragmentação do DNA foi 24% mais baixa ao obter a amostra de espermatozoides através de uma biópsia testicular. Esta melhora permite reduzir o risco de aborto e obter uma taxa superior de recém-nascidos vivos nos casos mais graves de baixa concentração de espermatozoides, onde o risco de fragmentação do DNA é maior.

Esta técnica é mais invasiva, mas deveria ser considerada em determinados casos, pois permite obter os espermatozoides em uma etapa anterior às rupturas e lesões.

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Sobre Dra. Genevieve Coelho

Dra. Genevieve Coelho é ginecologista especialista em reprodução humana pelo Instituto Valenciano de Infertilidade (IVI), na Espanha, e especialista em vídeo cirurgia pelo Instituto São Rafael em Milão, Itália. Dirige o IVI Salvador desde sua fundação em 2009. www.ivi.net.br (71) 3014 9999

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