Um ano sem quimioterapia endovenosa

Acredito que todos ou quase todos conhecem ou já conviveram com alguém com câncer.

Mas posso afirmar que os mais próximos, marido, filhos e família são os que mais sofrem, e sofrem a valer.

É muito difícil ver uma pessoa que você ama debilitada, fraca, com a aparência diferente, sofrendo dia a dia.

Vi o sofrimento que causei a toda minha família, as inúmeras vezes que Daniel chorou, sofreu calado, a depressão que minha irmã Ana Maria entrou em silêncio, as crises compulsivas de choro do meu irmão Leandro, o carinho e a voz embargada do meu Pai quando soube da notícia, e por fim, as incontáveis vezes em que Sofia pedia para eu não ir (ao hospital, ou exames), aos prantos, e sempre dizendo: “Mamãe você vai voltar?” Foram momentos de muita tristeza vividos até hoje.

Desde a primeira cirurgia tomo quimioterapia oral, que também causa diversos efeitos colaterais. Mas nada comparado à quimioterapia endovenosa, essa derruba geral.

Durante o tratamento da químio, emagreci 12 kg, perdi todos os cabelos, mudei a cor da pele, na verdade em alguns momentos achei que não fosse suportar. Mas como sempre, olhava para aquele pedacinho de gente que dependia 100% de mim e erguia a cabeça para seguir em frente.

A parte mais penosa do tratamento até aqui foi a químio endovenosa, sem dúvida. Em alguns casos ela é mais leve, menos dias de infusão consecutivas. No meu caso, eram quatro dias por mês com infusão de 3 a 6 horas. No último dia eu não sabia a direção da porta da Clínica para sair, não entendia o que as pessoas falavam, parecia estar em outro planeta literalmente.

Foram seis meses, a última sessão foi dia 28 dezembro de 2013. Por isso, esse mês me faz lembrar muitas coisas, agradecer, agradecer e agradecer. No ultimo sábado teve a festa de encerramento da escola da Sofia. Por algumas vezes achei que não pudesse assistir, mas NÃO!!! Eu estava lá, feliz, emocionada e curtindo a alegria dela!

Eu realmente não sei o que acontecerá daqui para frente, mas sigo com o tratamento, sem pular um dia a químio oral e todos os outros mil remédios, mas meu corpo já está adaptado e, claro, às vezes, tenho umas quedas bruscas, e graças a Deus sempre tenho com quem contar, Daniel, Sofia, minha família e meus amigos que são indispensáveis em todo esse processo. SEMPRE tenho um ombro, sempre, sempre….. que sorte a minha né!?

Olho pra mim hoje e vejo por tudo que passei, queira ou não o físico reflete o emocional, e vejo outra pessoa.

Acredite, o câncer não é o ponto final, não podemos desistir nunca, por mais que esteja difícil, porque às vezes é quase impossível, é uma luta! Você contra ele!!!!

Esse mês é puro agradecimento, porque um ano sem a químio endovenosa é uma vitória, uma batalha a mais vencida, é a concretização da minha capacidade de vencer, é muito mais que esperava, é o melhor presente do Papai Noel.

Foto desta semana no salão - Voltando a me  sentir bonita, essencial para o tratamento.
Foto desta semana no salão – Voltando a me sentir bonita, essencial para o tratamento.

Quero deixar aqui uma mensagem de Paz nesse Natal, de força, e que todos que enfrentam o câncer e seus familiares tenham FÉ e nunca deixem de acreditar!!!! ACREDITEM SEMPREEEE!!!!!!!!! Porque a nossa vitória está por vir.

Se ajude!!!!! Ajude o câncer a não te maltratar tanto, reaja!!! Olhe que dezembro lindo Deus nos preparou….. o clima de renascimento está no ar! Olhe para dentro de si e renasça!!!!! Veja o quão forte você é!!!!! Veja o quão bonita você é! Veja como é bom viver!

FELIZ NATAL!

Força, Foco e Fé!!!!!

Beijos

Sobre Luciana Bernal

Luciana Bernal é mãe da Sofia de 4 anos, esposa e fotógrafa especializada em gestantes e crianças. Descobriu em 2012 que está com um câncer raro, uma doença que lhe trouxe ainda mais vontade de viver e aproveitar cada momento com sua família e amigos, além de registrar um lado mais sensível e emocionante em seus trabalhos fotográficos.

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