Como contei no meu último artigo, quando minha filha tinha 4 (quatro) anos e 11 meses, descobrimos que ela era aluna superdotada, tinha necessidade e aptidão para ser acelerada de série, porém, a Secretaria de Educação de São Paulo era contra esta aceleração de série, pelo simples fato de que “a minha filha não tinha idade suficiente para cursar a série desejada”. Diante desta recusa, a escola prometeu oferecer atividades de enriquecimento curricular para ela, que é uma das modalidades de atendimentos também prevista em lei, para os alunos com altas habilidades / superdotação. Estas atividades visavam aprofundar e enriquecer o conteúdo das disciplinas que eram dadas em sala de aula, para a série, de forma a estimular o potencial cognitivo da minha filha. Mas, mesmo assim, estas atividades não foram suficientes para ela. No ano seguinte, a professora me chamou para uma conversa, muito preocupada com a situação da minha filha e me colocou que não sabia se era o caso da minha filha acelerar um ou dois anos, mas, que na série que ela estava, não dava mais para ela ficar. Foi então, que eu me convenci que teria que usar o meu conhecimento técnico e profissional em favor da minha filha e ultrapassar esta barreira imposta pela Secretaria da Educação. Debrucei-me sobre as leis que tratavam de superdotação; entrei em contato com vários especialistas do Brasil (da área da pedagogia ou da psicologia. Nenhum da área jurídica!) e cada um me ajudou a seu jeito. Resolvemos (nós, pais em parceria com a escola), que faríamos um dossiê que seria levado para a diretoria de ensino analisar (órgão representativo e fiscalizador da Secretaria da Educação no Estado de São Paulo), composto de um requerimento de aceleração de série com fundamentação jurídica, laudo que atestava a superdotação dela e atestava o bom emocional e maturidade para a aceleração que se pretendia, provinhas com o conteúdo da série que ela iria pular e coloquei em contato com a escola, também, a então secretária de Educação que trabalhava no MEC (e que hoje não trabalha mais), que tranquilizou a escola em relação à acertada proposta pedagógica que tentávamos regularizar.
No final das contas, a diretoria de ensino aceitou a aceleração de série da minha filha e ela iniciou o ano letivo seguinte, cursando uma série adiante do que ela iria (a turma dela foi para o segundo ano do ensino fundamental, enquanto que a minha filha foi para a terceira série do ensino fundamental, no ano em que ela completou 7 (sete) anos, no final de Abril de 2.008). Minha filha deixou de fazer o segundo ano do ensino fundamental. Foi o equivalente ao primeiro para o terceiro ano do ensino fundamental.
Nos dois primeiros meses, após a aceleração de série dela, ela sentiu um pouco a adaptação social e uma pequena perda de conteúdo curricular. Afinal de contas, era como se ela tivesse mudado de escola, pois não conhecia ninguém da série de cima e, por mais superdotada que ela fosse, houve perda de conteúdo curricular. Os coleguinhas da série que ela estudava, por sua vez, ficaram sentidos pelo fato da minha filha aparecer, no ano letivo seguinte, na série de cima, sem terem sido participados deste fato antes, e não entenderam, muito bem, porque ela tinha sido acelerada de série e quando ela circulava entre eles, eles a criticavam duramente. Também foi difícil para eu lidar com os assédios das mães que me ligavam, questionando o que a minha filha estava fazendo na série seguinte; que me criticavam ou que duvidavam da medida adotada por iniciativa da escola. Achavam que a aceleração de série partiu de minha iniciativa, porque eu era advogada! Mas, passados dois meses, ela já estava adaptada à nova série e não teve problema algum acadêmico, tanto que até hoje (em que ela está no nono ano do ensino fundamental, com 13 anos) é a aluna que melhores notas têm na série dela! Nestes anos todos que ela foi acelerada, ela ganhou todos os campeonatos de soletração em inglês da escola, uma olimpíada de matemática, campeonato de cultura judaica, e tirou muitas notas 10! É uma aluna exemplar, mas, acima de tudo, está muito bem socialmente. É uma menina querida pelo seu novo grupo de amigos e esta história aconteceu há mais de sete (sete) anos.
Não vou falar que, durante estes 7 (sete anos) que se passou, tudo foram flores. Tiveram momentos em que os próprios colegas de série ficavam irritados com o fato dela saber mais do que a turma dela, de ser a mais nova da série e, mesmo assim, tirar as melhores notas, ganhar os campeonatos. Por mais que ela fosse uma aluna muito “na dela”, a facilidade de aprendizagem dela era latente. E nem todas as crianças estavam preparadas para lidar com uma aluna assim. Mas, com o tempo, a turma foi conhecendo o potencial dela e hoje a turma não consegue mais se imaginar sem ela, e sabem muito bem que ela está ali, naquela série, porque ela merece estar ali. E, eles mal se lembram que ela é mais nova do que eles um ano !
Procuro educar minha filha para que ela faça bom uso do dom que ela nasceu. Ela tem noção de que ela foi abençoada com este dom, mas, ao mesmo tempo eu a ensino que não adianta ela ter um dom, se não for disciplinada. Que mesmo tendo facilidade de aprendizagem, ela tem que estudar. Respeitar os colegas em sala de aula. Procurar não conversar tanto com os amigos, quando ela está entediada, em sala de aula, porque já absorveu o conteúdo, porque os colegas dela não tem este mesmo ritmo de aprendizagem que ela tem e ela pode acabar os prejudicando. A ensino a ser humilde e ela não costuma falar para as pessoas que é superdotada. Acima de tudo, eu a incentivo muito socialmente. O mesmo acontece com o meu filho mais novo. Aprendi nestes anos que se passaram, desde que descobri a superdotação da minha filha mais velha, e depois a do meu filho mais novo, que de nada adianta a criança ser academicamente mais avantajada, se ela não estiver bem emocional e socialmente. Por isso, eu e o meu marido incentivamos muito o social dos nossos filhos. A criança não é feita somente do acadêmico. A parte e a vivência social da criança é tão importante quanto a parte cognitiva dela!
Finalmente, quando minha filha já tinha sido acelerada de série, já estava adaptada e eu mais relaxada com toda esta história de aceleração, adaptação, etc, é que parei para perceber os sinais de superdotação que o meu filho mais novo já vinha também demonstrando. Na época, ele estava com 4 (quatro) anos e já estava alfabetizado, tal como a irmã. Demonstrava excelente memória, tinha um pensamento bastante articulado e rápido. Era (e ainda é) muito esperto e tinha bastante facilidade de usar o computador. Foi quando ficamos novamente preocupados. Seria ele também superdotado e teríamos que lidar com todo aquele desgaste em relação à escola, novamente, caso ele também precisasse ser acelerado de série ??? Isto eu vou contar prá vocês, no meu próximo artigo ! Até mais !
Oi!sou mae de criança de 11 anos com TDH
Oi!sou mae de criança de 11 anos comtdh
😉