Pacientes com necessidades especiais (PNEs) são indivíduos que apresentam uma alteração ou condição, simples ou complexa, momentânea ou permanente, de etiologia biológica, física, mental, social e/ou comportamental, que requer uma abordagem especial, multiprofissional e um protocolo específico.
A Associação Internacional de Odontologia para o Paciente com Necessidades Especiais (IADH — International Association for Disabilities and Oral Health) orientou a distribuição dos PNEs em:
- – Deficiência mental
- – Deficiência física
- – Deficiência congênita (deformações, síndromes)
- – Distúrbios comportamentais (autismo, bulimia, anorexia)
- – Transtornos psiquiátricos (esquizofrenia, depressão, fobias, ansiedade)
- – Distúrbios sensoriais e de áudio-comunicação
- – Doenças sistêmicas crônicas (diabetes, cardiopatias, doenças hematológicas, insuficiência renal crônica, doenças auto imunes, doenças vesículo bolhosas)
- – Doenças infectocontagiosas (hepatites, HIV, tuberculose
- – Condições sistêmicas (irradiados, transplantados , oncológicos, gestantes, imunocomprometidos)
O atendimento odontológico ao paciente especial deve ser realizado em conjunto com a família e por uma equipe multiprofissional. Estas pessoas precisam de atendimento preventivo e curativo, principalmente na área que engloba a cárie e a doença periodontal, porque a maioria destes pacientes não consegue realizar uma boa higiene oral, necessitando da ajuda de algum parente, que se torna parte indispensável para o sucesso do tratamento odontológico.
Na primeira consulta deve-se estabelecer uma aproximação com o paciente e seus familiares para conhecer o estado de saúde geral.
Alguns pacientes podem levar algum tempo para criar uma relação de confiança com o profissional, o que estende o período do tratamento em si, pois o ideal é o dentista realizar o atendimento após estabelecer este vínculo com o paciente, evitando um trauma.
Após essa aproximação e confiança, que pode precisar de várias visitas à sala/clínica para que o paciente se adapte àquela rotina, quando ele estiver tranquilo e confiante irá cooperar com o exame clínico, que indicará o problema e o tratamento a ser realizado.
Alguns pacientes necessitam de ajuda para ficar numa posição correta e confortável como, por exemplo, pacientes com alterações músculo esqueléticas, que necessitam de um posicionador sobre a cadeira odontológica. Este posicionador pode ser uma almofada específica para pacientes especiais que se modela ao corpo do paciente e cria uma superfície firme e uniforme de apoio ou rolos de edredom nas laterais da cadeira.
O atendimento odontológico pode ser feito dentro de 3 modalidades:
– Normal
Onde há a cooperação do paciente.
– Condicionado
Que utiliza técnica de demonstração com todo o material a ser utilizado, para que o paciente saiba o que vai ser utilizado em sua boca – os barulhos e vibrações que os instrumentos irão fazer.
– Sob contenção
Física ou química. Pacientes que apresentem problemas graves no que se refere à cooperação e ao manejo, devem ser considerados dentro do grupo com indicação para a contenção química e anestesia geral.
A contenção física engloba desde uso de abridores de boca até a restrição de movimento.
– Contenção ativa: feita pelos pais, acompanhantes ou auxiliar.
– Contenção passiva: bloco de mordida, pacote pediátrico ou papoose board, um tipo de avental médico para limitar a movimentação, embrulho pediátrico com lençol, lençol e faixas em napa e velcro, holding therapy (terapia do abraço).
A contenção química é indicada para pacientes que apresentam medo, ansiedade, imaturidade e hiperatividade, com reflexo de ânsia, e que não foi possível condicionamento psicológico (conversas) ou contenção física. Vai desde sedativos leves à anestesia geral em ambiente hospitalar.
O importante é existir um bom relacionamento entre paciente – família – equipe profissional, consultas curtas para evitar stress e elogios após cada consulta, fazendo com que o paciente se sinta motivado a ter um bom comportamento.
No Brasil, a área da odontologia especializada em atendimentos de pacientes especiais está crescendo, mas ainda são poucos profissionais capacitados para este tipo de atendimento perto do número de pacientes.